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No Recife, solução baseada na natureza é empregada para despoluir afluente do rio Capibaribe

Fonte

MCTI | Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

Data

sábado, 4 março 2023 17:35

Há poucos dias, as águas do Riacho do Cavouco, um dos afluentes do Rio Capibaribe, começaram a correr pelos jardins filtrantes. A obra de 7 mil m2 recebeu U$$ 1,4 milhão (cerca de R$ 7 milhões) em investimentos do projeto de cooperação internacional CITInova, coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e que está em fase de finalização.

Ainda aguardando os resultados dos testes químicos para aferir a qualidade da água, visualmente já é possível observar a diferença entre a água turva que entra e a água mais transparente que sai. A expectativa é de que o projeto possa reduzir em 85% a poluição da água. Serão instaladas micro estações de monitoramento da qualidade da água antes e depois do sistema dos jardins filtrantes.

Além da melhoria para a comunidade local, o projeto-piloto visa demonstrar a viabilidade técnica do emprego da solução baseada na natureza para tornar as cidades mais sustentáveis e melhorar o planejamento integrado.

Mariana Pontes, diretora da Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES), instituição local que coordena as iniciativas do CITInova no Recife, relatou que a capital pernambucana, cortada pelos rios Capibaribe e Beberibe, cresceu em torno e em função dessas águas que desembocam no Atlântico: “O rio era usado para competições de natação, havia pesca artesanal. Havia um comércio e uma vida em torno do rio e ao longo do desenvolvimento da cidade essa relação foi se perdendo”, relembrou Mariana.

As construções deram ‘as costas’ para os rios e o lançamento de esgoto direto no rio ainda é uma realidade. “O Capibaribe é enorme, é lindo, mas é muito poluído”, sintetizou Mariana.

A solução implementada é a fitorremediação, técnica que utiliza plantas para ‘filtrar’ e ‘limpar’ a água. O local escolhido para a obra fica em um trecho do Riacho do Cavouco, que corta o Parque do Caiara, no bairro de Iputinga. A escolha considerou os critérios de ser uma área pública, permitindo o acesso da comunidade e em uma região que necessitava de investimentos, além de ser na margem do rio Capibaribe.

O local era um antigo lixão não-oficial, descoberto somente durante as escavações, o que impactou o cronograma de execução e os custos da obra. De acordo com a coordenadora, os resíduos foram removidos e descartados de modo adequado.

O processo de filtragem dos jardins é contínuo. Ao mesmo tempo que a água do Riacho do Cavouco entra no sistema, existe água tratada sendo devolvida ao Rio Capibaribe. Por dia, pelo menos 350 mil litros de água entram no sistema de filtragem.  Segundo a coordenadora, estima-se que quando a maré estiver baixa na região, praticamente toda a água do riacho será filtrada.

A cada um dos estágios do processo de filtragem há plantas combinadas com filtros, como o vertical (que envolve processo aeróbico e combina diferentes tipos de compostos de brita e tubulação específica para que os microrganismos do ar consigam ter relação com matéria orgânica presente na água), o horizontal (processo anaeróbico com substratos), o de areia e, por fim, uma lagoa plantada com ninfeias aquáticas, que auxiliam na reintrodução de oxigênio na água. Completado o ciclo, a água é devolvida ao rio, contribuindo com sua resiliência.

No total, o local recebeu 7,5 mil mudas de macrófitas aquáticas nativas da região (Heliconia Psittacorum, Pontederia Cordata, Canna Generalis, Thalia Geniculata, Echinodorus Grandiflorus, Nymphea SP), que foram escolhidas considerando a resistência ao clima e o paisagismo projetado. Todas oferecem o mesmo grau de contribuição para a despoluição.

Mariana comentou que o processo de filtragem já proporcionou melhorias no microclima da região, além de despertar o interesse e o engajamento da comunidade local. Onde antes havia terra batida, agora tem grama, e foram plantadas árvores como compensação ambiental. Sapos e borboletas reapareceram. O espaço deverá receber mobiliário e placas informativas sobre educação ambiental. “O espaço foi pensado para que a comunidade utilize, cuide e entenda como seu”, afirma Mariana.

Modelo pode ser replicado em outras cidades

Além de comprovar que é possível despoluir a água com uma solução baseada na natureza, a execução do projeto-piloto no Recife é exemplo do que fazer e também do que não fazer. Esse conhecimento pode ser aproveitado por outras cidades para replicar o modelo ou até para outros usos.

“A possibilidade que o CITInova nos traz é a de mostrar, por meio de dados, números de que é possível, mesmo em uma cidade com muitas dificuldades, melhorar a qualidade da água e a qualidade de vida das pessoas”, concluiu Mariana.

Acesse a notícia completa na página do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Fonte: MCTI.

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