Destaque

Mudanças climáticas causam perda de 20% do estoque de carbono de mangue capixaba

Fonte

UFES | Universidade Federal do Espírito Santo

Data

quinta-feira, 7 outubro 2021 07:45

Um artigo publicado na revista científica Journal of Environmental Management analisou a perda de estoque de carbono causada por eventos climáticos extremos no manguezal do estuário do rio Piraquê-Açu-Mirim, localizado no município capixaba de Aracruz. A região teve 30% de sua área impactada por uma forte seca ocorrida entre 2014 e 2017, motivada pelo aquecimento global. Com isso, perdeu cerca de 20% do carbono sequestrado nos solos em um período de dois anos. Esse estuário possui 1.851 toneladas de carbono por hectare, o maior índice do Brasil.

O estudo, que é parte do doutorado de Luiz Eduardo Gomes no Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), também estimou o potencial de estoque de carbono nos manguezais brasileiros, que correspondem a 5% do total global guardado nesse ecossistema.

Os mangues têm despertado grande interesse por sua ampla capacidade de estocar carbono: no Brasil, conseguem guardar 520 milhões de toneladas. Quando se comparam áreas de tamanho equivalente, os manguezais brasileiros têm o dobro da capacidade de estoque da floresta Amazônia e dez vezes mais que a caatinga e o cerrado. Com isso, o estoque de carbono do Brasil é duas vezes maior do que o estimado anteriormente e o país tem 5% do total armazenado no planeta Terra.

Consequências climáticas

Para fazer o estudo, os pesquisadores analisaram a área do manguezal de Piraquê-Açu-Mirim, comparando um trecho impactado pela seca com outro preservado. “Para isso, adentramos em diversas áreas dos manguezais impactados e não impactados. Entramos 20 metros à frente no mangue e contabilizamos, a cada 20 metros, o total de plântulas, identificamos e medimos a altura e diâmetro de cada árvore viva e morta, além de contabilizar e medir todos os galhos caídos e coletar amostras de solo até os 3 metros de profundidade, em cinco locais, ou seja, até 100 metros adentro”, detalhou Luiz Eduardo Gomes. No mangue, o maior potencial de produção de carbono está no solo. Por isso, foi coletado o solo até 3 metros de profundidade, para que se pudesse avaliar esse estoque.

Esta foi a primeira vez no Brasil e a segunda no mundo em que pesquisadores analisaram esses estoques na perspectiva das perdas causadas por eventos climáticos extremos.

A estiagem que atingiu o norte do Espírito Santo e que terminou em 2017 fragilizou o manguezal de Piraquê-Açu-Mirim. Em junho de 2016, uma forte tempestade, com ventos de mais de 100 quilômetros por hora, levou à morte 30% da área de mangue no estuário. “Quanto mais fragilizado está o mangue, mais ele fica suscetível a um evento que causa danos, como esse. O aumento da frequência e da intensidade das mudanças climáticas dificulta a regeneração natural”, explicou o pesquisador.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFES.

Fonte: Lidia Neves e Thereza Marinho, UFES.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account