Destaque

Machismo e seu Impacto na Carreira de Mulheres Cientistas

Fonte

UNESP Ciência

Data

sexta-feira, 5 outubro 2018 10:00

Desde os primeiros movimentos femininos – do fim do século XIX e início do século XX – até a atualidade, muitos foram os avanços na promoção dos direitos das mulheres e no estímulo à igualdade de gênero nas diversas áreas intelectuais, como por exemplo nas carreiras científicas.

Um exemplo desse progresso é a proporção entre homens e mulheres ingressantes em cursos de graduação no Brasil: 57% mulheres, contra 43% homens. Ao observarmos a evolução dos percentuais de homens e mulheres ao longo da formação, verifica-se entretanto que o percentual feminino vai diminuindo. Apesar disso, até o doutorado, a participação feminina se mantém superior ou igual ao percentual masculino: na iniciação científica 55% são mulheres, no mestrado 52% e no doutorado 50% [1].

Assim, se nos concentramos nesse período de formação, nos parece que a promoção da participação feminina em carreiras intelectuais já é uma conquista. Mas a realidade é que na maioria das áreas científicas, a carreira só começa de fato após o doutoramento (e frequentemente alguns anos de pós-doutorado). E é justamente a partir desse estágio que observa-se ampla discrepância entre homens e mulheres. Por exemplo, as mulheres representam 47% das lideranças de grupos de pesquisa, 46% dos docentes universitários e apenas 36% dos pesquisadores reconhecidos no meio científico como aqueles de grande produtividade (avaliados pelo CNPq, através do Programa de Bolsas de Produtividade em Pesquisa) [2].

O que mais impressiona é que esta nítida inversão de percentuais de homens e mulheres, à medida que avançam na carreira científica, ocorre inclusive para as áreas cujo ingresso feminino corresponde à quase 80% do total, como ciências da saúde. Note portanto que não estamos nos referindo à maior ou menor preferência das mulheres em uma área ou outra: observa-se que, independentemente da área, as mulheres não atingem as lideranças e excelências entre seus pares tanto quanto os homens o fazem. Existem muitos fatores que podem ser responsabilizados por esta mitigação da mulher nos estágios avançados da carreira científica. Mas acreditamos que o machismo está entre um dos fatores mais determinantes neste caso, como circunstanciamos a seguir.

Meninas desde muito jovens são educadas para se comportar bem, ter bons modos, cuidar da aparência, cuidar de afazeres domésticos e aprender a cuidar de outras pessoas. Tais ensinamentos são fertilizados com os brinquedos típicos: casinhas em miniaturas, bebês e seus utensílios, kits de maquiagem e beleza. Em grande contraste, comportamentos menos polidos são tolerados em meninos, que por sua vez são educados para ser fortes, corajosos e engenhosos. Assim, recebem estímulos muito diferentes dos oferecidos às meninas: seus brinquedos incluem jogos, desafios e engenhocas, que incitam curiosidade e criatividade.

Especificamente no caso das mulheres cientistas, podemos supor que são mulheres que de uma forma ou de outra superaram o machismo ou então não receberam essa educação distinta por gênero, afinal sua criatividade e interesse por ciência foram despertados e seguiram a trajetória científica. Entretanto no momento da maternidade – que na média ocorre aos 32 anos [4] – todo o machismo cultural que fora outrora suplantado pela cientista, brota novamente e a restringe de atingir os mais altos patamares da carreira científica.

Acesse a notícia completa no site da Unesp.

Fonte: Vívian Vanessa França, Unesp Ciência. Imagem: Pixabay.

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