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Fiocruz apoia projeto que ajuda a transformar vidas no semiárido

Fonte

Fiocruz | Fundação Oswaldo Cruz

Data

quinta-feira, 29 julho 2021 07:30

Imagine estar no meio do semiárido, longe de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), com pouco suporte da rede de internet, em plena pandemia da COVID-19 e, nesse caos, ter sua saúde acompanhada por um grupo de voluntários da comunidade que conta com o apoio de um aplicativo. Esta é a realidade de diversas famílias dos assentamentos da Reforma Agrária no Ceará, dentre eles o Vida Nova-Transval, no município de Canindé.

Percebendo a fragilidade dos territórios onde o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não chega, um grupo de voluntárias(os), formado por mulheres e homens dos assentamentos que conheciam a realidade das comunidades, mas quase nada sobre cuidados com a saúde, assumiu o desafio de traduzir o que era a pandemia e os cuidados necessários para o controle da doença. Os voluntários foram em busca de orientação técnica junto à Rede de Médicas e Médicos Populares (RNMMP) e à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para entenderem o que é a doença, como ela se manifesta e os cuidados para evitar a contaminação pelo vírus. Para um território desassistido de saúde pública e com escassez de água, as alternativas recaem sobre a própria comunidade. Assim nasceu a experiência das(os) Agentes Populares de Saúde do Campo/CE (APSC-CE).

A negligência com a saúde das populações campesinas é motivo de preocupação para o médico Fernando Paixão, um dos idealizadores do projeto. “Diante da realidade da pandemia, que já matou mais de 500 mil pessoas, a organização popular para cuidar da saúde da população e das comunidades se torna algo fundamental. E os agentes populares têm esse papel de cuidado nos territórios”, enfatizou o médico. Francisca Maria Silva, uma das assentadas que fazem parte do grupo dos agentes populares, compreende bem essa realidade. Reconhecendo a importância e a necessidade imposta pela ausência dos agentes comunitários de Saúde, ela aceitou o convite e se sente feliz com a nova responsabilidade. “É uma forma de poder ajudar as pessoas”, afirmou.

Para auxiliar nos cuidados com territórios como o Vida Nova-Transval, a comunidade contou com um grupo multidisciplinar formado por educadoras(es) populares, profissionais de saúde e tecnologia da informação. Conjuntamente desenvolveram uma metodologia de formação a distância para qualificar a atuação dos agentes no acompanhamento das 85 famílias durante o distanciamento social. Orientar sobre a saúde a distância e por meio virtual foi algo novo para todos os envolvidos.

A médica Ana Paula Dias de Sá, também idealizadora do projeto, apontou outros desafios que marcam o processo formativo para além do acesso à tecnologia. “Temos a necessidade de implementação da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, das Florestas e das Águas (PNSIPCFA), existente desde 2011 e que pouco se materializou até esses dias. Outra necessidade observada é em relação ao modelo de vigilância em saúde, que ainda se organiza de maneira centralizada e hierarquizada, sem refletir dimensões específicas da população nem dos territórios, colocando determinados grupos populacionais na invisibilidade das políticas públicas”, alertou a médica.

O sistema envolve uma série de soluções tecnológicas, como um site, bancos de dados e um App, além de material didático para auxiliar no trabalho dos agentes. Por meio da coleta de dados, via aparelho celular, as pessoas envolvidas conseguirão monitorar a situação da saúde, as condições socioeconômicas e de infraestrutura das famílias e comunidades. Esses dados expressarão os problemas e potencialidades de cada localidade, embasando, assim, os agentes e as comunidades na cobrança por políticas e serviços públicos.

Acesse a notícia completa na página da Fiocruz.

Fonte: Rosely Arantes e Eva Sullivan (Fiocruz Brasília).

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