Destaque

Estudo revela lacunas de pesquisas ecológicas no território da Amazônia brasileira

Fonte

Agência FAPESP

Data

sábado, 22 julho 2023 07:25

Existem áreas pouco investigadas cientificamente na Amazônia brasileira, por diversos motivos. Um artigo publicado na revista científica Current Biology por cientistas do mundo todo reunidos no Consórcio Synergize revela não só as áreas, mas também os fatores que determinam esses ‘gaps’ de investigação ecológica, abrindo possibilidades para orientar pontualmente o planejamento de novos investimentos em pesquisa na região.

O trabalho utilizou informações de 7.694 locais onde ocorreram investigações ecológicas para avaliar como a logística e a influência antrópica nas florestas explicaram a chance de diferentes regiões da Amazônia receberem pesquisas. O período analisado foi de 2010 a 2020, abrangendo estudos de nove grupos de organismos: invertebrados bentônicos (que habitam o fundo dos oceanos, estuários, rios e lagos ou vivem associados a substratos como sedimentos, rochas, troncos e plantas aquáticas), heterópteros, odonatas (grupo popularmente conhecido como ‘zigue-zague’ ou ‘lavadeira’ e que também inclui as libélulas), peixes, macrófitas, aves, vegetação lenhosa, formigas e besouros rola-bosta.

“O consórcio reuniu pessoas que contribuíram com bancos de dados sobre inventários padronizados e estudos que apresentassem esforços amostrais similares. Capturamos informação sobre três grandes grupos representativos da biodiversidade da Amazônia: animais vertebrados, invertebrados e a flora de florestas de terra firme, florestas alagáveis e de ambientes aquáticos (igarapés, rios e lagos). Este é o primeiro trabalho que o grupo publica”, explicou o biólogo Dr. Mario Ribeiro de Moura, professor do Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (Unicamp), um dos autores do artigo e integrante do consórcio.

As descobertas indicam que 15% a 18% das áreas com biodiversidade mais negligenciadas na Amazônia brasileira também mostram alta suscetibilidade às mudanças climáticas até 2050. A região em que há menor volume de pesquisas coincide com parte das áreas ameaçadas nas proximidades do arco do desflorestamento, região que contorna os limites sul, sudeste e leste da Amazônia e se concentra em parte dos Estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins.

Os dados revelam ainda que as maiores lacunas na pesquisa ecológica na Amazônia aparecem em ambientes de terra firme. “Isso é esperado e provavelmente reflete o papel que a rede de vias navegáveis da região tem em facilitar o acesso a florestas alagáveis (várzeas e igapós) e ambientes aquáticos”., explicou o pesquisador. Não por acaso, os cenários menos pessimistas aparecem ao longo dos rios, no nordeste do Pará e de Roraima, no sudeste do Acre e no norte de Rondônia. “Nesses locais teremos impactos menores das mudanças climáticas para o futuro, e o conhecimento que temos sobre as comunidades de espécies deles é melhor”, concluiu o pesquisador.

O estudo foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) por meio de duas Bolsas de Pós-Doutorado no Brasil.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência Fapesp.

Fonte: Karina Ninni, Agência FAPESP.

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