Destaque

Estudo denuncia falsa extração legal de madeiras na Amazônia

Fonte

UFSCar | Universidade Federal de São Carlos

Data

quarta-feira, 29 agosto 2018 14:00

Alguns dados indicam que o desmatamento na Amazônia brasileira vem diminuindo com o passar dos anos. No entanto, a extração ilegal de madeira ainda é um problema real. Esforços recentes de fiscalização e regulamentação melhoraram a identificação de algumas formas de extração ilegal, porém métodos mais sutis que mascaram a origem da madeira continuam de difícil detecção. É o que revela estudo realizado por uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo um professor da UFSCar, e que foi publicado na revista Science Advances.

“O artigo trata de uma comparação de dados de inventário florestal provenientes de ‘Autorizações para Exploração Florestal’ com aqueles provenientes de inventário florestal oficiais ‘Radam’. O primeiro é o inventário feito para se conseguir a autorização para a extração legal de madeiras em uma propriedade, onde se quantifica, mensura e localiza em um mapa as árvores de interesse econômico. O segundo é um levantamento oficial da União, realizado aleatoriamente, com a intenção de se ter uma estimativa de dispersão e volume das espécies florestais por toda a Amazônia”, explica o Dr. Paulo Guilherme Molin, docente do Centro de Ciências da Natureza (CCN), do Campus Lagoa do Sino da UFSCar.

Foram reunidas um total de 427 autorizações válidas de exploração Autef (Autorização de Exploração Florestal), emitidas de 2012 a 2017 e disponíveis no Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental (Simlam), da Secretaria do Meio Ambiente do Pará, e 426 parcelas do Radam, de um hectare, distribuídas espacialmente e de forma independente. Com isso, foram avaliadas um total de 80 espécies de madeiras em licenças de exploração, das quais os pesquisadores selecionaram 11 espécies ou grupos de espécies (duas ou três espécies vendidas com o mesmo nome comercial).

Nesses grupos selecionados, a equipe teve, pelo menos, 50 observações nas licenças de exploração e das parcelas do Radam. De acordo com o professor da UFSCar, as evidências de fraude foram muito fortes, principalmente nas espécies de maior valor comercial, como é o caso do Ipê. “Observamos casos de inventários realizados indicando volumes de madeiras até quatro vezes superior ao que consideramos aceitável”, alerta o Dr. Molin.

Como parte da pesquisa, foram realizadas posteriormente visitas de campo, em conjunto com o Ibama. “Notamos que diversas árvores que eram indicadas como sendo Ipês no inventário eram, na verdade, espécies de menor valor comercial. Esse tipo de fraude ajuda a ‘esquentar’ madeira ilegalmente extraída de florestas próximas, como Unidades de Conservação, Terras Indígenas e áreas de preservação permanente, onde a extração é proibida”, afirma o pesquisador. Também segundo ele, uma vez com as autorizações superestimadas em mãos, as madeireiras conseguiam “legalizar” as madeiras extraídas ilegalmente, o que na prática significa que caso um caminhão com carregamento de madeira ilegal fosse parado durante o transporte até a madeireira, o motorista apresentaria a autorização de árvores “virtuais” e poderia seguir seu caminho.

Acesse a notícia completa no site da UFSCar.

Fonte: Fabricio Mazocco, UFSCar. Imagem: Felipe Werneck – Ibama.

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