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Estudo aponta a exatidão de medições da evapotranspiração por imagens de satélites se comparadas com medições de torres micrometeorológicas
O manejo sustentável da água é uma preocupação crescente em diversas regiões do mundo, e cientistas e gestores de recursos hídricos estão recorrendo a ferramentas de sensoriamento remoto como o OpenET para ajudar a monitorar o uso da água na agricultura, especialmente em áreas irrigadas. O projeto OpenET usa dados públicos produzidos pela Agência Espacial Americana (NASA) e pelo Serviço Geológico Americano (USGS) com base nos satélites Landsat e em outros sistemas sensores para estimar a evapotranspiração, ou seja, a quantidade de água perdida para a atmosfera por meio da evaporação do solo e da transpiração das plantas. Esta ferramenta tem o potencial de revolucionar o manejo da água, permitindo o monitoramento operacional em escala de campo.
Um estudo recentemente publicado na revista científica Nature Water fornece uma análise detalhada da acurácia dos dados do OpenET para vários tipos de culturas e cobertura natural do solo. O artigo foi assinado por pesquisadores do projeto OpenET e contou com a participação de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
No estudo, os pesquisadores avaliaram a acurácia das estimativas de evapotranspiração através de medições de campo obtidas a partir de torres micrometeorológicas e concluíram que os dados do OpenET têm uma precisão relativamente alta para avaliar a evapotranspiração em ambientes agrícolas, especialmente para culturas anuais como trigo, milho, soja e arroz. Os resultados do OpenET para essas culturas foram particularmente confiáveis em regiões áridas como a Califórnia e o Sudoeste dos Estados Unidos, apoiando o uso desta ferramenta para minimizar os efeitos da baixa disponibilidade hídrica e em cenários de mudanças climáticas. Os autores demonstraram a confiabilidade das estimativas do projeto OpenET, com faixas de erros entre 10 e 20%, o que está dentro da faixa alvo estabelecida por gestores de recursos hídricos, como agências de gestão da água, e comparável com erros típicos obtidos por outros métodos de medição.
Os resultados publicados apresentam o notável progresso alcançado no desenvolvimento de técnicas de sensoriamento remoto totalmente automatizadas para mapear a evapotranspiração em grandes escalas espaciais e em alta resolução, compatível com a demanda de informações em nível de campo. Para tanto, foram utilizadas petabytes de dados dos satélites Landsat e novos recursos de computação em nuvem disponibilizados pelo Google, através da plataforma Google Earth Engine.
“É realmente gratificante ver décadas de pesquisa cuidadosa e trabalho árduo resultado da união dessa comunidade científica, e este estudo estabelece um novo padrão para o mapeamento por satélite da evapotranspiração em escala de campo com imagens Landsat”, disse o Dr. Forrest Melton, cientista sênior do NASA Ames Research Center. “Ao documentar a precisão dos dados OpenET, espero que este estudo acelere ainda mais a adoção e o uso rápidos desses dados para ajudar a resolver os desafios urgentes de gestão da água e abrir novas aplicações e em novas áreas no futuro”, avaliou o pesquisador.
De acordo com o Dr. Anderson Ruhoff, professor do IPH-UFRGS, “como somos o único grupo de fora dos EUA, a expansão internacional do projeto vai iniciar pelo Brasil, em parceria entre o OpenET, Google e UFRGS, e o financiamento da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Durante o congresso do OpenET, em fevereiro, nos EUA, será feito o lançamento do Projeto OpenET-Brasil. Será um projeto inédito no país e que visa mapear o uso da água na agricultura brasileira a partir de dados de sensoriamento remoto”, concluiu.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Fonte: UFRGS.
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