Destaque

Cientistas melhoram a forma de calcular o progresso do clima global

Fonte

Imperial College de Londres

Data

terça-feira, 27 abril 2021 06:25

Para alcançar a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a não mais que 2° C, e idealmente 1,5° C, acima dos níveis pré-industriais, os países devem definir suas próprias metas que contribuam para uma redução global da produção de carbono.

Além de cortar as fontes de carbono, como reduzir o uso de combustíveis fósseis para energia e indústria, os países também podem aumentar os ‘sumidouros’ de carbono – processos que tiram carbono da atmosfera, desde o plantio de árvores até o uso de tecnologia para captura do carbono do ar.

No entanto, existem diferenças sutis na maneira como os balanços de sumidouros e fontes de carbono são calculados em nível de país em comparação com seus cálculos para as diretrizes de como o mundo deve atingir as metas do Acordo de Paris. Isso pode levar os países a subestimar o nível de ação que precisam realizar para atingir suas metas.

Cálculos corretos

Recentemente, uma equipe liderada por pesquisadores do Joint Research Centre da Comissão Europeia propôs uma maneira de resolver esse problema. O estudo foi publicado na revista científica Nature Climate Change.

“O progresso em direção às metas do Acordo de Paris é verificado periodicamente por um ‘balanço global’ quinquenal, com início em 2022. Isso envolverá somar e comparar as ações climáticas planejadas dos países com o que a ciência indica que é necessário globalmente para atingir as metas climáticas acordadas. Se houver uma lacuna – e não se engane, dado onde estamos hoje é garantido que existirá – espera-se que os países ajustem suas ações, por isso precisamos garantir que os cálculos estejam corretos”, disse o Dr. Joeri Rogelj, diretor de Pesquisa do Instituto Grantham para Mudanças Climáticas e Meio Ambiente do Imperial College de Londres, no Reino Unido.

Fontes e sumidouros de carbono

A equipe descobriu que a diferença está no cálculo das fontes e sumidouros de carbono devido às mudanças no uso da terra. Por exemplo, quando ocorre o desmatamento, a terra pode mudar de um sumidouro de carbono para uma fonte, pois as árvores não estão mais absorvendo o carbono da atmosfera. Esta é uma contribuição humana ou “antropogênica”.

No entanto, também existem contribuições “indiretas” que são causadas por atividades humanas. Por exemplo, conforme as concentrações de carbono na atmosfera aumentam por causa de nossas emissões, as plantas são capazes de absorver mais e crescer mais rápido, tornando-se um sumidouro mais eficiente.

Os países relatam seu progresso de acordo com uma estrutura chamada Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa. Nesse contexto, as contribuições antrópicas diretas e indiretas são tratadas em conjunto e as contribuições naturais são calculadas separadamente. Isso significa, por exemplo, que todas as florestas com algum grau de idade são consideradas fontes antropogênicas ou sumidouros de carbono.

No entanto, os modelos que mapeiam como o mundo deve chegar aos objetivos do Acordo de Paris calculam as contribuições antrópicas diretas separadamente das contribuições indiretas e naturais, que são agrupadas.

Garantindo uma comparação em base semelhante

Isso leva a uma discrepância quando os dois valores são comparados para avaliar o progresso em direção às metas do Acordo de Paris – uma discrepância que hoje soma mais de 10% das emissões anuais de CO2, ou cinco bilhões de toneladas métricas de CO2.

No novo estudo, a equipe propõe uma ‘tradução’ entre os dois métodos que permitiria uma comparação mais precisa e, portanto, uma melhor avaliação do progresso climático. Eles sugerem a realocação das contribuições antropogênicas indiretas para melhor combinar e comparar os números entre as duas estruturas.

“Nossa solução proposta garante uma comparação [em base] semelhante. Isso não muda o que precisa ser feito em nível global, mas muda a compreensão de quão profundamente os países devem reduzir suas emissões para estarem alinhados com os objetivos do Acordo de Paris e evitar desastres climáticos”, concluiu o Dr. Rogelj.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Imperial College de Londres (em inglês).

Fonte: Hayley Dunning, Imperial College de Londres.

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