Destaque
Ciclo fechado e sustentável para resíduos da construção civil
Se uma das preocupações da Indústria da Construção Civil é tornar as obras mais limpas e duradouras, a outra é dar destino aos resíduos produzidos por ela. Com essa consciência, parcerias vêm sendo estabelecidas para a realização de projetos de pesquisa em andamento na Escola de Engenharia Civil e Ambiental (EECA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), de forma a produzir um ciclo fechado considerando a reciclagem, a pesquisa e a utilização de resíduos de construção e demolição (RCD).
Desde 2016, o professor Dr. Eder Carlos dos Santos orienta estudos envolvendo o emprego de geossintéticos – produtos modernos de base polimérica para uso em obras geotécnicas e ambientais – por meio de parcerias com fabricantes, tais como Huesker, Ober e Maccaferri. As geogrelhas – um dos geossintéticos estudados – são espécies de telas poliméricas que conferem uma resistência adicional aos solos quando empregadas em diversos tipos de obra, como muros de contenção, aterros e estradas.
Para montar os experimentos foram utilizados resíduos de construção e demolição reciclados (RCD-R) produzidos na usina de beneficiamento pertencente à RNV Resíduos, empresa localizada em Aparecida de Goiânia-GO e também parceira nos estudos. Os objetivos das primeiras pesquisas consistiram em avaliar os danos que as geogrelhas poderiam sofrer em obras com RCD-R em diversas condições de construção e ambientais. Em outubro, com o encerramento de alguns experimentos, todo esse material (RCD) foi recolhido para ser enviado novamente para a usina, fechando um ciclo completo para esse material que poderá agora ser reciclado novamente ou reutilizado em outras aplicações.
Para o professor, embora a tecnologia avance a passos largos em todos os setores da economia, em algumas áreas da Construção Civil brasileira ainda persistem traços artesanais no seu modo de produção que precisam ser repensados pelas empresas/construtores: “O fato de você fazer uma parede e depois cortá-la para passar as tubulações, processo ainda realizado por pequenos construtores, é um exemplo de o quanto esse trabalho ainda é feito de forma artesanal”, explicou. No cenário brasileiro, mais de 48 milhões de toneladas de RCD foram coletadas por Prefeituras em 2021, sendo a Região Centro-Oeste responsável por uma coleta per capita de aproximadamente 323 kg/(habitante.ano), de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE).
Segundo o professor, uma expressiva parcela dos RCD produzidos em Goiânia-GO ainda é descartada de maneira inadequada, quando poderia retornar à indústria em diversos formatos, evitando assim a exploração de novas jazidas de materiais de construção. Há uma estimativa que cerca de 60% dos RCD gerados na cidade ainda é descartado de forma inadequada, o que gera uma série de problemas: “O local onde o RCD é descartado de forma inadequada pode, em alguns casos, rapidamente virar um ‘pequeno lixão’, pois as pessoas começam a despejar resíduos orgânicos ali, o que gera problemas de mal-cheiro e doenças e inviabiliza a reciclagem desses resíduos, além de gerar custos de remoção para as Prefeituras e sociedade como um todo”, explicou o pesquisador.
O professor citou exemplos da China, onde os RCDs, assim como outros resíduos, são considerados um recurso valioso, que podem ser vendidos e/ou reutilizados. “É uma consciência diferente sobre o que é ‘lixo’ em geral que, infelizmente, ainda não temos no Brasil; e, neste cenário, a universidade tem o papel de estimular essas discussões e realizar pesquisas na busca de novas formas de tornar possível a aplicação desses resíduos e contribuir com o Desenvolvimento Sustentável”, concluiu o Dr. Eder dos Santos.
Acesse a notícia completa na página do Jornal UFG.
Fonte: Kharen Stecca, Jornal UFG.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar