Notícia
Estudo analisa os impactos das linhas elétricas na biodiversidade
A maior parte das consequências ambientais aparece nas fases iniciais dos projetos, durante a construção das linhas de transmissão, mas persiste durante toda a operação
Pixabay
Fonte
UFRGS Ciência
Data
quarta-feira, 19 junho 2019 11:00
Áreas
Biodiversidade, Energia, Gestão Ambiental, Monitoramento.
O crescimento massivo do consumo de energia na sociedade tem exigido uma grande expansão das redes de linhas de transmissão de eletricidade em todo o mundo. Junto com os inquestionáveis benefícios que essas tecnologias trouxeram para o desenvolvimento humano, entretanto, também vieram grandes desafios, e a consequência dessas infraestruturas no meio ambiente é uma das maiores preocupações que têm os cientistas da área.
Um artigo realizado por pesquisadores da UFRGS e publicado na revista científica Environmental Impact Assessment Review trata da repercussão da instalação, da operação e da manutenção das linhas de eletricidade na biodiversidade. O trabalho, que fez parte da dissertação de mestrado da bióloga Larissa Biasotto, consiste em uma revisão sistemática de 206 artigos e 19 estudos de consequências ambientais, nos quais foram identificados com sucesso um total de 28 impactos.
Segundo Biasotto, embora o interesse científico na avaliação dessas consequências ambientais esteja aumentando, a maioria dos estudos tem se concentrado especialmente nas aves. Existem poucas publicações sobre a perda de habitat e sobre as respostas de animais com menor mobilidade ou sensíveis a alterações físicas, como os anfíbios. O trabalho da bióloga é a primeira revisão sistemática que abrange todos os potenciais efeitos dessas linhas sobre a biodiversidade.
A pesquisa demonstrou que a maioria deles aparecem nas fases iniciais de um projeto, ou seja, durante a construção da linha elétrica, mas persistem durante a operação. Os impactos foram separados em dois grupos: abióticos e bióticos. Os primeiros estão mais relacionados aos meios físicos e químicos de um ambiente, como o clima, a temperatura, os nutrientes minerais e os ciclos biogeoquímicos (como os do nitrogênio, do oxigênio e do carbono), os quais são importantes para garantir a sobrevivência dos organismos e manter o equilíbrio dos ecossistemas. Já os bióticos dizem respeito a todos os elementos associados à interação dos organismos vivos presentes em um ecossistema, como os animais e os vegetais, e constituem uma comunidade biológica, influenciando as populações por meio das interações ecológicas. “Esses impactos têm geralmente uma sequência hierárquica; começam com uma modificação no ambiente. Por exemplo, modifica-se o clima do local, o que gera perda de habitat, etc. E então esses efeitos abióticos vão repercutir no nível de organismos, na fauna e na comunidade”, explica Biasotto.
A pesquisadora comenta que um dos principais impactos detectados está relacionado à fauna, consequência ambiental que persiste durante todo processo de instalação e utilização das linhas elétricas. Vários grupos de animais, em especial as aves, além de estarem expostos à perda de habitat, são afetados pela colisão com os cabos e a eletrocussão nas torres de energia.
A pesquisadora destaca também que as limitações técnicas na elaboração dos documentos referentes ao licenciamento ambiental das linhas de transmissão e a pouca abrangência dos principais impactos ambientais nessa fase de planejamento acabam causando alguns entraves ambientais e tornando o procedimento de licenciamento moroso. Segundo a bióloga, a qualificação da fase de planejamento, com a identificação prévia dos potenciais impactos prioritários, pode diminuir esses entraves e facilitar o processo como um todo, o que beneficia de igual maneira o meio ambiente, a sociedade e as empresas.
Acesse o conteúdo completo na página da UFRGS Ciência.
Fonte: Jorge C. Carrasco, UFRGS Ciência. Imagem: Pixabay.
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