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Projeto alia ecoalfabetização e preservação das abelhas
Elas estão no planeta há 130 milhões de anos. Em todo o mundo, estima-se que existam mais de 20.000 espécies – só no Brasil, são conhecidas cerca de 3.000. Por serem numerosas e por precisarem visitar muitas flores para satisfazerem suas necessidades, as abelhas são as mais eficientes polinizadoras da natureza. A turma do 1° ano do ensino fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina (CA/UFSC) sabe disso, e para divulgar a importância dessas polinizadoras montou o “Recanto das abelhas sem ferrão”.
A iniciativa integra o Projeto Cheiro Verde no Quintal da Escola do Colégio de Aplicação, coordenado pela professora Mariza Konradt. “A gente trabalha com a concepção de ecoalfabetização, em que as crianças já são inseridas num contexto de alfabetização usando elementos da natureza”, explica. Na turma do 1° ano de 2018, a professora conta que tudo começou com a chegada da Mel, uma abelha de pelúcia escolhida para ser a mascote da sala e o motivador lúdico do processo de alfabetização dos alunos.
Por meio do projeto Recanto das abelhas sem ferrão, o Colégio de Aplicação conta, atualmente, com duas colmeias abrigadas em casinhas de madeira. “Nós montamos esse recanto mais humanizado, em que as casinhas são feitas pelo homem, para ser um espaço de educação”, diz Mariza Konradt. Além disso, encontram-se na escola colônias das espécies jataí e mirim droryana, abelhas sem ferrão que se instalaram por lá de forma natural. No Recanto, há também uma horta, cultivada por alunos do colégio. Por isso, a professora destaca que os estudantes participam ativamente de todas as etapas do projeto: “são eles que plantam, que colhem e produzem pratos com os alimentos que colheram”.
Muito mais que mel
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 75% da produção mundial de frutas e sementes para o consumo humano depende da ação de polinizadores. De acordo com Josefina Steiner, mesmo nas culturas em que as plantas não necessitam de polinizadores por apresentarem flores que se auto-fecundam, como é o caso do feijão, a presença de abelhas garante aumento de cerca de 20% da produção.
A pesquisadora destaca também a importância das abelhas para a manutenção de ecossistemas. “As florestas, em sua forma natural, dependem em grande parte de agentes polinizadores, que na sua maioria são as abelhas”, diz Steiner.
Diminuição maciça
“A nível mundial, os pesquisadores têm diagnosticado uma alteração no sistema imunológico das abelhas, seguida de doenças provocadas por fungos, protozoários, vírus, bactérias e ácaros, provocando a diminuição das populações de abelhas nas colmeias até o desaparecimento completo ”, destaca a pesquisadora Josefina Steiner. A diminuição maciça de populações de abelhas na América do Norte e na Europa é um fenômeno conhecido como Desordem do Colapso das Colônias (DCC).
Segundo dados da ONU, houve redução de 3,5 milhões de colmeias nos Estados Unidos entre 1950 e 2007. Na Alemanha, 75% dos insetos, não só polinizadores, desapareceram entre 1989 e 2012. As causas ainda são desconhecidas, mas Josefina Steiner aponta que alguns fatores estão nas interferências do homem no meio ambiente, “na medida em que utiliza pulverizações em excesso nas lavouras, realiza o desmatamento em grande escala, alterando em muito os ambientes naturais e investe cada vez mais em grandes monoculturas, dificultando a manutenção da biodiversidade da fauna de abelhas”.
Algumas medidas sustentáveis são apontadas por Josefina Steiner para a preservação das abelhas, como evitar a expansão do desmatamento, das monoculturas e do uso de defensivos agrícolas e garantir o crescimento natural de plantas de pequeno, médio e grande porte. Ela esclarece: “quanto maior o equilíbrio dos ecossistemas, mais chances as abelhas terão de sobreviver”.
Acesse a notícia completa no site da UFSC.
Fonte: Maria Clara Flores / Estagiária de Jornalismo na Agecom / UFSC. Imagem: Divulgação.
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