Notícia

Doenças autoimunes e poluição atmosférica: descoberto novo fator de risco para artrite reumatoide

Estudo revelou experimentalmente o papel de particulados no desenvolvimento de doenças autoimunes

Pixabay

Fonte

Universidade de Roma- Sapienza

Data

quarta-feira, 14 novembro 2018 07:10

Áreas

Poluição Atmosférica. Saúde.

Ultimamente, evidências científicas indicam que fatores ambientais podem contribuir para a patogênese de doenças autoimunes, especialmente aquelas do tipo reumatoide. Provar o papel da poluição ambiental na insurgência dessas patologias não só aumenta a compreensão dos fatores de risco, como também amplia os campos de ação e prevenção. É neste contexto que se insere a pesquisa coordenada pelo professor Dr. Guido Valesini, do Departamento de Medicina Interna e Especialidades Médicas da Universidade De Roma-Sapienza, em colaboração com a Dra. Silvana Fiorito e pesquisadores do Instituto de Farmacologia Translacional (IFT) e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNR) da Itália. Os resultados da pesquisa foram recentemente publicados na revista científica Cell Death & Disease. O estudo teve como foco o papel da poluição do ar por particulados produzida pela combustão de gases nos motores a diesel Euro 4 e Euro 5 e a avaliação de seus efeitos sobre a funcionalidade e características biológicas dos tecidos das células brônquicas.

Os resultados revelaram como as nanopartículas de fuligem (um dos principais componentes criados pela combustão do motor a diesel) podem induzir autofagia (uma forma de autodigestão) e morte por apoptose de células no epitélio brônquico e produzir concomitantemente proteínas citrulinadas.

“É interessante sublinhar”, destaca o professor Valesini, “como o particulado Euro 5 é potencialmente mais prejudicial do que aquele produzido pelos motores Euro 4. Isso demonstra que uma redução na quantidade de emissões particuladas não se traduz automaticamente em uma redução dos efeitos tóxicos ”. A citrulinização é um processo natural e fisiológico que regula as funções das proteínas. No entanto, em pacientes que sofrem de artrite reumatoide, este processo torna-se excessivo e provoca um acúmulo anormal de proteínas citrulinadas. Estas, por sua vez, causam uma resposta imunológica que produz anticorpos dirigidos contra essas proteínas, levando a um ataque autoimune em tecidos normais.

Já foi demonstrado que um aumento nos níveis de citrulinação está correlacionado com um maior risco de desenvolver artrite reumatoide. De fato, para diagnosticar essa condição, um dos testes realizados revela os anticorpos direcionados contra proteínas citrulinadas (ACPA). “Com base em nossas observações podemos supor que a poluição atmosférica pode desempenhar um papel não secundário, em indivíduos predispostos e através de mecanismos complexos, na patogênese de algumas doenças imunomediadas, como a artrite reumatoide”, explica o professor Valesini,

Atualmente, a principal causa da patologia ainda é desconhecida, no entanto, os estudos que apontam para fatores ambientais interferindo neste processo estão ganhando cada vez mais crédito. Atualmente, o principal fator ambiental que é conhecido por induzir a exposição celular de proteínas citrulinadas é a fumaça do cigarro. A equipe de pesquisa buscou outros fatores que podem induzir a produção de proteínas citrulinadas e ativar o sistema imunológico, revelando como a fumaça desempenha um papel crucial nisso.

O particulado é um dos maiores fatores de poluição em áreas urbanas e um importante fator de risco para patologias inflamatórias crônicas. Abordar os fatores de risco e basear o desenvolvimento da política de saúde pública em torno deles é fundamental para aumentar a expectativa de vida e contribuir para condições saudáveis de vida.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Roma-Sapienza (em inglês).

Fonte: Universidade de Roma-Sapienza. Imagem: Pixabay.

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