Destaque

Trabalho busca reintroduzir em ambiente natural ave brasileira extinta

Fonte

UFSCar | Universidade Federal de São Carlos

Data

quinta-feira, 14 junho 2018 11:00

Uma equipe multidisciplinar de profissionais está concentrando esforços para reintroduzir em ambiente natural um pássaro brasileiro que desapareceu da natureza há quase 30 anos. Trata-se do mutum-de-Alagoas. Ao lado da ararinha-azul, o mutum compõe o grupo das duas únicas aves extintas na natureza no Brasil. “Foi a criação em cativeiro que salvou essas duas espécies do seu completo desaparecimento e hoje trabalha-se para que, um dia, voltem ao seu habitat natural”, destaca o Dr. Mercival Roberto Francisco, do Departamento de Ciências Ambientais (DCA-So) do Campus Sorocaba da UFSCar; ele atua na equipe de conservação do mutum e chama a atenção para a espécie: “a ararinha-azul tem mais visibilidade, ganhou até personagem de desenho no filme Rio, e tem ampla divulgação na mídia. Apesar do mutum-de-Alagoas também estar numa situação tão ruim, pouca gente fala sobre essa ave”.

O mutum integra o Plano de Ação Nacional para Conservação do Mutum-de-Alagoas – hoje incorporado pelo plano para conservação das aves da Mata Atlântica –  elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente. “O ICMBio faz vários planos, que reúnem profissionais que trabalham com espécies ameaçadas. O primeiro deles foi o do mutum-de-Alagoas”, conta Francisco. Com habitat original na região litorânea do Estado de Alagoas, a ave, de aproximadamente 90 centímetros de comprimento e plumagem uniforme e negra, com reflexos azulados, foi extinta na natureza em 1979, quando os últimos exemplares foram capturados. Sua extinção foi causada pela caça, aliada a incêndios constantes e desmatamentos, em uma área marcada pela cultura canavieira, o que gerou impactos ambientais como a destruição de florestas.

O trabalho de recuperação do mutum teve início já em 1979 em um cativeiro particular no Rio de Janeiro, do proprietário Pedro Mário Nardelli; preocupado com a conservação da espécie, ele resgatou os últimos exemplares da natureza em uma área de floresta que, poucos meses depois, foi derrubada. Em 1990, todos os mutuns vivos foram levados para o Criadouro Crax – Sociedade de Pesquisa da Fauna Silvestre, dos criadores Roberto Azeredo e James Simpson, e para o Criadouro Científico e Cultural de Poços de Caldas (CCPC), ambos em Minas Gerais. “Durante os anos de reprodução em cativeiro, parte da população foi hibridizada com o mutum-cavalo, em princípio, para produzir alguns exemplares como uma medida de segurança caso houvesse problemas futuros de endogamia, ou seja, a perda de fertilidade e de resistência a doenças resultante do fato de todos os exemplares do mutum-de-Alagoas serem muito aparentados. No entanto, em determinado momento, perdeu-se o controle sobre as genealogias, tornando-se a separação dos animais híbridos e puros um novo desafio para a conservação da espécie”, descreve o professor da UFSCar.

Por isso, em 2008, teve início um projeto de pesquisa na tentativa de se realizar o resgate genético da espécie. Essas aves foram fotografadas, marcadas com anilhas – para identificação permanente de cada animal – e passaram por análises morfológica e genética, a partir das quais foi possível distinguir os animais puros dos híbridos. Entre as principais características aparentes do mutum-de-Alagoas puro estão o bico com duas cores bem marcadas (vermelho e branco) e a região da orelha sem penas, em formato de meia lua; na cauda, é possível ver que a retriz (faixa) de penas central não é branca na ave pura, como ocorre na versão híbrida.

Acesse a notícia completa no site da UFSCar.

Fonte: Denise Brito, UFSCar. Imagem: Mercival Francisco – UFSCar/DCA-So, divulgação.

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