Destaque

Atlântico Tropical Norte aquecido intensifica inverno quente e seco no centro e Norte do Brasil

Fonte

MCTI | Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

Data

quinta-feira, 4 julho 2024 12:45

O aquecimento anormal na superfície do Atlântico Tropical Norte está influenciando a condição de seca nas regiões central e Norte do Brasil. As temperaturas mais elevadas, que em algumas áreas do oceano ultrapassa 2oC em relação ao que seria habitual para o período, foram identificadas como o principal fator climático de grande escala atuando com potencial para modular as condições climáticas dos próximos meses.

Essa condição oceânica anômala aparece como destaque da previsão para os meses de julho, agosto e setembro. A nota técnica é elaborada mensalmente de forma conjunta pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

“Como não temos mais o El Niño, a principal forçante climática que identificamos para essa previsão é a condição do Atlântico Tropical Norte”, explicou o Dr. Caio Coelho, pesquisador do CPTEC/Inpe.

De acordo com o pesquisador, o inverno na maior parte do Brasil tem como característica o predomínio de condições secas. Contudo, a anomalia da temperatura do mar na região ao norte da linha do Equador está intensificando essa condição. O oceano mais quente naquela área evapora ar mais aquecido para a atmosfera que, ao seguir para o Hemisfério Sul, na corrente meridional, e descer sobre o centro do Brasil e parte da região Norte, inibe a formação de nuvens de chuva. Além disso, o ar quando desce é comprimido e esquenta. “Isso faz com que a região fique mais quente e seca”, afirmou.

A situação é semelhante à observada em 2023. À época, enquanto o mecanismo de ação do Atlântico agia no sentido Norte-Sul, na circulação meridional, o fenômeno El Niño agia sobre os ventos no sentido Oeste-Leste, na circulação zonal. As duas forçantes climáticas atuaram sobre diferentes áreas da Amazônia, reduzindo a formação de nuvens de chuva, quando foi registrada seca histórica. Estudo de atribuição revelou que o aquecimento global potencializou a seca.

A perspectiva de formação do fenômeno La Niña neste segundo semestre é vista como uma possibilidade de neutralizar a ação deste mecanismo. Os institutos meteorológicos, porém, destacam que ainda não é possível indicar a intensidade desse fenômeno, que é caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais na região equatorial do Pacífico. “Estamos monitorando”, afirmou o Dr. Caio Coelho.

A depender da intensidade, o fenômeno La Niña poderia ter força para inverter o padrão de circulação na atmosfera, para que faça o ar quente subir ao invés de descer, atuando em sentido contrário a ação o mecanismo de ação do Atlântico Tropical Norte, e favorecer a formação de nuvens de chuva sobre a região Norte do Brasil. “É uma situação complicada do ponto de vista científico para prever qual forçante vai predominar. Temos que aguardar o desenvolvimento da La Niña e verificar a intensidade do fenômeno e da resposta na atmosfera”, avaliou.

Os efeitos da La Niña costumam ser mais visíveis a partir da primavera. No Sul do Brasil, o fenômeno reduz as chuvas.

De acordo com a previsão, parte da região Sul pode ter chuvas acima da média durante o inverno.  Segundo o Dr. Caio Coelho, uma das hipóteses para a continuidade de chuvas acima da média nessa área, mesmo sem o fenômeno El Niño, é a conexão remota com o aquecimento do oceano Índico. “Estamos fazendo estudos e análises para verificar se é essa a forçante climática que está afetando o Sul”, explicou.

Os meteorologistas recomendam acompanhar as previsões de curto prazo.

Acesse a notícia completa na página do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Fonte: MCTI.

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