Notícia
Mudanças climáticas ameaçam os prados montanhosos na Europa
Pesquisadores descobriram que as mudanças climáticas reduzem o teor de húmus e as reservas de nitrogênio nos solos das pastagens dos Alpes, perturbando a estrutura do solo
wirestock via Freepik
Fonte
TUM | Universidade Técnica de Munique
Data
quinta-feira, 9 maio 2024 11:45
Áreas
Biodiversidade. Biologia. Biotecnologia. Carbono. Ciência Agrária. Ciência Ambiental. Ecologia. Geografia. Mudanças Climáticas. Saúde Ambiental. Solo. Sustentabilidade.
Os prados montanhosos são ecossistemas únicos. Recentemente, uma equipe de pesquisa liderada pela Universidade Técnica de Munique (TUM), na Alemanha, descobriu que as mudanças climáticas reduzem o teor de húmus, bem como as reservas de nitrogênio nos solos das pastagens dos Alpes, e perturbam a estrutura do solo. A fertilização orgânica, por exemplo com esterco líquido, pode compensar até certo ponto esta perda de matéria orgânica do solo.
Para recriar os efeitos das mudanças climáticas em condições realistas, os pesquisadores utilizaram mesocosmos solo-planta. Esses ecossistemas em miniatura consistem em unidades contendo amostras de solo. Ao mover os mesocosmos ao longo de um gradiente de elevação, de locais mais altos e mais frios para locais mais baixos e mais quentes, os cientistas simularam as mudanças climáticas. Com isso, simularam um aquecimento de até 3 oC, dependendo da diferença de altitude entre o local original e o novo.
“Estudar detalhadamente as respostas do solo às mudanças climáticas nos ajuda a compreender melhor os efeitos de longo prazo nos ecossistemas de pastagens alpinas”, disse a Dra. Noelia Garcia-Franco, pesquisadora de solos da TUM. O estudo foi realizado em diversas áreas dos distritos bávaros de Weilheim-Schongau e Garmisch-Partenkirchen. Metade dos mesocosmos foram cultivados de forma intensiva e a outra metade extensivamente, ou seja, foram ceifados em diferentes frequências e fertilizados com esterco líquido, por exemplo. Amostras de solo foram coletadas após quatro anos.
Conteúdo de húmus, estrutura do solo e reservas de nutrientes diminuem drasticamente
Como resultado de aumentos de temperatura de 2 oC e 3 oC, o teor de húmus diminuiu rápida e acentuadamente, sendo o declínio ainda mais pronunciado sob gestão extensiva. Com manejo extensivo, o solo perdeu 22% de húmus com aumento de temperatura de 3 oC e 14% com aumento de 2 oC. Sob gestão intensiva, a perda de húmus do solo foi de 11% nestas condições.
A adubação orgânica mais intensiva conseguiu compensar parcialmente a perda de matéria orgânica. No geral, o aumento da temperatura prejudicou significativamente a estrutura do solo. Os torrões de terra que constituem o solo são desestabilizados e, como resultado, a matéria orgânica do solo é cada vez mais degradada. “O tamanho dos torrões de solo pode ser um sinal de alerta precoce para a perda iminente de húmus e de estrutura do solo”, disse a Dra. Noelia Garcia-Franco. Os pesquisadores também observaram que o estoque de nitrogênio, importante nutriente para as plantas, diminuiu no solo.
Importantes reservatórios de carbono ameaçados
As mudanças climáticas estão progredindo mais rapidamente nas regiões montanhosas do centro e do norte da Europa, em particular, do que em outras áreas. Por exemplo, a temperatura média anual nos Alpes Europeus aumentou 2 oC desde a década de 1980. A combinação especial de alta precipitação e baixa temperatura média significa que os solos armazenam uma quantidade particularmente grande de carbono na forma de húmus.
As pastagens nos Alpes e no sopé dos Alpes são um dos maiores reservatórios de carbono orgânico ligado ao solo na Europa Central. Porém, temperaturas mais elevadas aumentam a atividade de microrganismos no solo, principalmente nos meses de inverno. Como resultado, o húmus é decomposto mais rapidamente e libertado como CO2.
Os prados de montanhas desempenham importantes funções econômicas e ecológicas: produzem grandes quantidades de alimentos para animais e desempenham um papel essencial no armazenamento de água e nutrientes, bem como na manutenção de elevada diversidade de plantas e organismos do solo. As mudanças climáticas poderão prejudicar estas funções em longo prazo.
Os resultados foram publicados na revista científica Geoderma.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Técnica de Munique (em inglês).
Fonte: Magdalena Eisenmann, Centro de Comunicação Corporativa, TUM.
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