Notícia
Estudo revela que mudanças climáticas podem tornar-se a principal causa da perda de biodiversidade até 2050
Artigo publicado na revista Science concluiu que a biodiversidade global diminuiu entre 2% e 11% ao longo do século XX
kuritafsheen77 via Freepik
Fonte
Universidade de Coimbra
Data
terça-feira, 30 abril 2024 16:05
Áreas
Biodiversidade. Biologia. Ciência Ambiental. Clima. Ecologia. Geociências. Geografia. Modelagem Climática. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas. Saúde Ambiental. Sustentabilidade.
De acordo com estudo publicado revista Science, a biodiversidade global diminuiu entre 2% e 11% ao longo do século XX, diminuição resultante exclusivamente das alterações na utilização dos solos. As projeções apresentadas pelos pesquisadores sugerem que, até meados do século XXI, as alterações climáticas podem vir a tornar-se a principal causa da perda da biodiversidade.
O estudo – o maior com modelos climáticos realizado até à data – foi liderado pelo Centro Alemão de Pesquisa Integrativa da Biodiversidade (iDiv) e pela Universidade Martin Luther de Halle-Wittenberg (MLU), e contou com a participação de vários pesquisadores portugueses, entre eles o Dr. Carlos Guerra, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC).
A Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES) considera que as mudanças no uso do solo são uma das principais causas para a perda de biodiversidade. No entanto, os cientistas dividem-se quanto à dimensão desse declínio nas últimas décadas.
Para melhor responder à questão, a equipe de pesquisa utilizou modelos climáticos para calcular os impactos das alterações da utilização dos solos na biodiversidade global ao longo do século XX, concluindo que teria havido um declínio entre 2% e 11%, intervalo que abrange quatro indicadores de biodiversidade calculados por sete modelos diferentes. Os cientistas compararam treze modelos para calcularem o impacto das mudanças na utilização dos solos e das mudanças climáticas em quatro indicadores de biodiversidade diferentes, e em nove serviços de ecossistemas.
“A inclusão de todas as regiões do mundo no nosso modelo permitiu preencher diversas lacunas e rebater as críticas de outras abordagens que trabalham com dados parciais e potencialmente enviesados”, destacou o Dr. Henrique Pereira, primeiro autor do estudo, responsável pelo grupo de pesquisa do iDiv e da MLU e pesquisador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto, em Portugal. “Todas as abordagens têm os seus prós e contras, mas achamos que a nossa metodologia de modelagem apresenta uma estimativa mais exaustiva das tendências globais da biodiversidade”, acrescentou.
Recorrendo a outro conjunto de cinco modelos, os pesquisadores calcularam também o impacto simultâneo das alterações do uso do solo nos chamados serviços dos ecossistemas, ou seja, os benefícios que a natureza disponibiliza aos seres humanos. No século passado, verificou-se um aumento massivo dos serviços de aprovisionamento, como a produção de alimentos e de madeira. Em contrapartida, os serviços de regulação, como a polinização, a fixação de nitrogênio ou o sequestro de carbono, tiveram uma diminuição moderada.
Os pesquisadores analisaram também a potencial dinâmica de evolução da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas. Para estas projeções, integraram nos seus cálculos as mudanças climáticas como um fator crescente e determinante das alterações na biodiversidade.
Os resultados do estudo indicaram que as mudanças climáticas vão ter um impacto negativo maior tanto na biodiversidade como nos serviços dos ecossistemas. Embora as mudanças na utilização dos solos continuem com um papel relevante, as mudanças climáticas tenderão a tornar-se na principal causa da perda de biodiversidade até à primeira metade deste século.
A equipe avaliou três cenários amplamente utilizados, desde um cenário de desenvolvimento sustentável até um de emissões elevadas de gases de efeito estufa. Em todos os cenários, a conjugação do impacto das alterações do uso do solo e das mudanças climáticas resultará numa perda de biodiversidade em todas as regiões do mundo, existindo, no entanto, variantes significativas entre regiões, modelos e cenários. Para o professor Carlos Guerra, “este estudo ilustra de forma muito clara os impactos que resultam das ações humanas sobre o planeta e sobre a biodiversidade da qual nós dependemos e a dimensão das mudanças que estão ocorrendo um pouco por todo o mundo”.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.
Fonte: Universidade de Coimbra. Imagem: kuritafsheen77 via Freepik.
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