Notícia

Fragmentação florestal está mudando o perfil das árvores amazônicas

Novos resultados de pesquisa esclarecem uma nova forma o impacto da atividade humana no ambiente tropical e, consequentemente, nas alterações climáticas

INPE

Fonte

Universidade de Helsinque

Data

quarta-feira, 20 dezembro 2023 19:15

Áreas

Carbono. Ciência Ambiental. Desmatamento. Ecologia. Engenharia Florestal. Monitoramento Ambiental. Recursos Naturais. Saúde Ambiental. Sustentabilidade.

Usando varredura a laser, pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia, mapearam como a fragmentação das florestas afeta o formato das árvores nas florestas tropicais do Brasil. Os resultados são surpreendentes, pois esclarecem de uma nova forma o impacto da atividade humana no ambiente tropical e, consequentemente, nas alterações climáticas.

Devido ao corte raso, a área de florestas tropicais intactas está diminuindo. Nas bordas das áreas desmatadas as temperaturas sobem e há mais luz. As árvores são capazes de se adaptar às mudanças nas suas condições de vida e no ambiente, mas como é que as mudanças ambientais afetam a forma das árvores na floresta tropical? Não houve uma compreensão geral sobre isso até agora.

O Dr. Eduardo Maeda, pesquisador da Universidade de Helsinque, coordenou um projeto internacional que investiga o formato das árvores nas bordas da floresta tropical. O Dr. Matheus Nunes, que já trabalhou na Universidade de Helsinque e hoje atua na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, liderou um estudo onde foram coletados dados por meio de varredura a laser terrestre para modelar árvores amazônicas.

O Dr. Eduardo Maeda é engenheiro agrícola e ambiental formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), com mestrado em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e doutorado pela Universidade de Helsinque. Já o Dr. Matheus Nunes é engenheiro florestal pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), com mestrado em Recursos Florestais pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Ecologia e Conservação Florestal pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Efeitos de borda alteraram o padrão de crescimento das árvores

As descobertas foram publicadas recentemente na revista científica Nature Communications. O estudo demonstrou que as árvores que crescem nas bordas da floresta têm um formato claramente diferente daquele das árvores que estão no interior da floresta.

“Os efeitos de borda são evidenciados na espessura dos troncos das árvores e na simetria das copas. Ao ajustar essas características, as árvores podem ser adaptadas para receber o máximo de luz possível e aumentar suas chances de sobrevivência. Apesar do aumento da produção de madeira, a quantidade de biomassa que retém o dióxido de carbono nesta floresta com 40 anos é reduzida em até 20%”, afirmou o Dr. Eduardo Maeda.

Já se sabia que há menos biomassa em florestas fragmentadas, pois as árvores altas têm maior probabilidade de cair nas bordas.

Cálculos de sumidouros de carbono

As florestas tropicais continuam a cobrir grandes áreas e constituem um sumidouro de carbono significativo para a Terra como um todo. As mudanças agora observadas em árvores individuais referem-se a grandes áreas, tornando as descobertas globalmente relevantes.

“O efeito da atividade humana nas alterações climáticas terá de ser reavaliado. Este estudo fornece novas informações sobre a adaptação da floresta tropical às alterações ambientais, bem como ferramentas para pesquisadores e decisores que estão considerando formas de mitigar as alterações climáticas”, observou o Dr. Eduardo Maeda.

Os pesquisadores usaram sensoriamento remoto para coletar dados na Amazônia Central, criando uma representação de árvore 3D para modelagem. Várias propriedades das árvores, como a capacidade de usar água e luz, bem como o tamanho do tronco, foram utilizadas no cálculo.

Também participaram do estudo o Dr. José Luís Campana Camargo e Ana de Andrade, ambos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Helsinque (em inglês).

Fonte: Universidade de Helsinque. Imagem: INPE.

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