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O que está acontecendo com o clima na região sul do Brasil?

Fonte

UFFS | Universidade Federal da Fronteira Sul

Data

quinta-feira, 2 novembro 2023 14:45

As chuvas intensas têm sido motivo de preocupação entre os moradores da região Sul do Brasil nos últimos meses. Muitos foram os estragos provocados por inundações e deslizamentos e a ‘culpa’ tem sido atribuída a um velho conhecido, o fenômeno climático El Niño. Depois de um tempo afastado, ele está de volta e, pelo que preveem os meteorologistas, deve provocar ainda muita chuva, pelo menos até o mês de maio de 2024.

Embora todos saibam seu nome e sintam seus efeitos, poucos entendem o que é, de fato, o El Niño. O Dr. Andrey Binda, professor de Climatologia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Chapecó, explicou que o El Niño é uma das fases de um fenômeno que é chamado de El Niño Oscilação Sul (ENOS). Além da fase de El Niño, o ENOS é composto por outras duas, a neutra e por outra conhecida, a La Niña.

O professor Andrey Binda disse que existe uma interação constante entre o oceano e a atmosfera e, por esta razão, sempre ocorrem mudanças na temperatura superficial das águas do oceano Pacífico, que ora estão mais quentes (El Niño), ora mais frias (La Niña). Essas mudanças na temperatura do oceano afetam o clima em diversas partes da Terra. No caso específico do ENOS, as oscilações na temperatura das águas do oceano Pacífico é que ditam qual será a tendência do clima, especialmente na América do Sul.

De acordo com o professor, um fator que influencia na temperatura do oceano Pacífico, na região próxima da linha do Equador, são os ventos alísios. Nesta área do planeta, ocorre a convergência destes ventos, que quando se tornam mais fracos, permitem um aumento da temperatura das águas (El Niño). Pela dinâmica oceânica, as águas mais quentes se deslocam para o centro do oceano Pacífico e/ou para áreas mais próximas da costa da América do Sul e, consequentemente, influenciam na ocorrência de mais chuvas na região Sul do Brasil e secas na porção norte e nordeste do país. A La Niña, por outro lado, acontece quando os ventos alísios se intensificam e, por consequência, deixam as águas do oceano Pacífico mais frias. As respostas na chuva é oposta ao El Niño, ou seja, menos chuvas na região Sul e excesso nas regiões Norte e Nordeste.

Conforme o professor, os últimos anos, sobretudo, 2020 e 2021, tinham sido mais secos, pois havia a influência do fenômeno La Niña. As anomalias negativas da temperatura do oceano que imperaram nos últimos anos passaram a partir do início do ano para o campo positivo, ou seja, as águas se tornaram mais quentes, caracterizando um novo episódio de El Niño. Segundo o pesquisador, há um “aquecimento anômalo desde a costa sul-americana que se estende até o oceano Pacífico central” e, segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), há uma chance de 80% de que o fenômeno siga ativo pelo menos até o mês de maio de 2024.

O professor Andrey Binda afirmou que “nenhum El Niño que aconteceu é igual aos seus irmãos”, por isso não é possível ‘cravar’ previsões sobre o evento atual. Porém, as condições de aquecimento no oceano são similares a outros anos, como por exemplo, 1982 e 1983, 1997 e 1998 e, mais recentemente, entre 2015 e 2016. “Se recordarmos, esses anos foram extremamente chuvosos na região Sul”, comentou. Conforme o professor, a média de precipitação anual na região Sul variam entre 1.600 a 2.000 milímetros e somente no mês de setembro deste ano choveu, por exemplo, quase 700 milímetros em Caçapava do Sul (RS), ou seja, em um único mês foi quase metade do volume previsto para todo o ano.

Em Santa Catarina, diferentemente do Rio Grande do Sul, as chuvas em setembro ficaram próximas ou um pouco acima da média, porém, em outubro a situação foi bem diferente. O normal esperado de 160 a 200 milímetros no mês foi superado em praticamente todo estado, com algumas localidades superando a casa dos 500 milímetros, com valores máximos de 659 milímetros em Itapiranga (no oeste do estado) e 725 milímetros em Mirin Doce (no vale do Itajaí), conforme dados da EPAGRI/CIRAM. Em Chapecó, a média de longo prazo de outubro é na casa de 225 milímetros e o total acumulado em outubro foi de 576 milímetros. Além de corresponder a mais que o dobro do volume de chuva esperado, esse valor é o maior total de chuva acumulada no mês de outubro, superando os 477 milímetros registrados no mês, no ano de 1979.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal da Fronteira Sul.

Fonte: UFFS.

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