Notícia
Bambu e mamona: novas alternativas para produção de painéis utilizados na construção civil
Pesquisadores destacaram que substituição não interfere na qualidade dos painéis, permitindo produzir esse material já consolidado no mercado com uma matéria-prima mais barata e de menor risco para o ambiente e para o ser humano
Reprodução, UFLA
Fonte
UFLA | Universidade Federal de Lavras
Data
sexta-feira, 15 setembro 2023 11:55
Áreas
Agricultura. Arquitetura. Construção Civil. Engenharia Ambiental. Engenharia Civil. Gestão Ambiental. Gestão de Resíduos. Indústria. Materiais. Negócios. Recursos Naturais. Tecnologias.
Uma parceria entre a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) resultou em novas opções para a produção de painéis tipo OSB (Oriented Strand Board), utilizados na construção civil: a primeira, é a utilização do bambu como uma alternativa para a indústria de painéis, que hoje é pautada, principalmente, na utilização de madeiras de pinus e eucalipto; a segunda opção, é a substituição parcial do adesivo utilizado na produção dos painéis por nanofibrilas de celulose de torta de mamona, um resíduo obtido após a extração do óleo de mamona. O estudo, premiado na 3ª edição do Programa 25 Mulheres na Ciência América Latina, em 2023, uniu essas duas alternativas na produção dos novos painéis.
Painéis OSB são chapas usadas na construção civil, como paredes, divisórias, pisos e lajes, feitas com partículas de madeira unidas por um adesivo sintético, normalmente feito à base de formaldeído (um gás incolor que possui forte odor e é altamente inflamável e tóxico). Tal adesivo pode ser nocivo à saúde humana, podendo causar alergias de pele e respiratórias, dores de cabeça e, até mesmo, o desenvolvimento de alguns cânceres, como leucemia e câncer de nasofaringe.
A proposta desse novo estudo, de acordo com a pesquisadora Dra. Bárbara Maria Ribeiro Guimarães de Oliveira, egressa da UFLA, é substituir esse adesivo, parcialmente, por nanofibrilas de celulose de torta de mamona, que são estruturas filamentosas ultrafinas. “Alcançamos uma excelente opção menos tóxica, com um material de caráter biodegradável e renovável”, destacou a pesquisadora.
A equipe de pesquisa ressaltou que essa substituição não interfere na qualidade dos painéis, permitindo produzir esse material já consolidado no mercado com uma matéria-prima mais barata e de menor risco para o ambiente e para o ser humano. O estudo também mostra que a utilização do bambu se justifica pela sua semelhança com a madeira, além do fato de que essa planta possui rápido crescimento, grande produtividade e baixo custo.
Pesquisa e equipe
O estudo está sendo realizado durante o pós-doutorado de Bárbara no Departamento de Engenharia Química da UFC. Na UFLA, a pesquisadora concluiu sua graduação em Agronomia (2010), seu mestrado em Ciência e Tecnologia da Madeira (2012) e seu doutorado em Engenharia de Biomateriais (2017). A parceria estabelecida entre as duas instituições, estimulada por Bárbara, garante o acesso à tecnologia necessária para a produção dos novos materiais.
Na UFC, a pesquisa da Dra. Bárbara é orientada pelo professor Dr. Francisco Murilo Tavares de Luna. Da UFC, colabora também a Dra. Solange Assunção Quintella, pesquisadora de Engenharia Química. Já da UFLA, participam o Dr. Lourival Marin Mendes, Dr. José Benedito Guimarães Junior e o Dr. Gustavo Henrique Denzin Tonoli, professores da Escola de Ciências Agrárias de Lavras (ESAL/UFLA).
O projeto ‘Potencial da utilização de celulose microfibrilada de torta de mamona em substituição ao adesivo na produção de painéis OSB (Oriented Strand Board)’ está em andamento e a previsão de conclusão para a publicação é até o fim do ano.
Reconhecimento
A pesquisa inovadora garantiu para a Dra. Bárbara uma premiação em nível nacional e internacional na 3ª edição do Programa 25 Mulheres na Ciência América Latina, promovido pela 3M Ciência Aplicada à Vida. “Esse reconhecimento não apenas nos encoraja, mas também nos valoriza. Espero que, com essa premiação, seja possível inspirar outras mulheres e meninas, reforçando que somos, sim, capazes de fazer ciência de qualidade”.
Acesse a notícia completa no Portal da Ciência da Universidade Federal de Lavras.
Fonte: Claudinei Rezende, Portal da Ciência/UFLA. Imagem: Reprodução, UFLA.
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