Notícia
Pesquisa sobre ‘produtos químicos para sempre’ pode ajudar em descontaminação global
Produtos químicos no solo foram destruídos por moagem extrema no Centro de Ciências Químicas Verdes da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia
Divulgação, Universidade de Auckland
Fonte
Universidade de Auckland
Data
quinta-feira, 17 agosto 2023 17:35
Áreas
Ciência Ambiental. Gestão de Resíduos. Indústria. Inovação. Materiais. Química. Saneamento. Saúde. Sociedade. Sustentabilidade. Tecnologias.
Os perigosos ‘produtos químicos para sempre’ deixados no solo pela espuma de combate a incêndios podem ser destruídos por trituração, de acordo com um estudo de prova de conceito realizado por cientistas da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, em colaboração com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (US EPA).
O processo de moagem parece viável para descontaminar o solo de bases militares, aeroportos e refinarias em todo o mundo onde a espuma foi usada por décadas, de acordo com a universidade e a Environmental Decontamination Limited (EDL).
Os produtos químicos contaminantes chamados PFAS (substâncias per e polifluoroalquil) não se decompõem naturalmente e, em certos níveis, têm sido associados a cânceres, redução da fertilidade, danos ao fígado e outros efeitos adversos à saúde.
“Limpar os PFAS do meio ambiente é uma tarefa enorme que exigirá nosso investimento contínuo e dedicado nos próximos anos”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em março. Existem locais que podem ter milhares de toneladas de solo contaminado, com o Departamento de Defesa dos EUA estimando em 2021 que sua limpeza pode custar US$ 31 bilhões (cerca de R$ 155 bilhões).
A moagem em um laboratório de Química da Universidade de Auckland destruiu entre 99,88% e 100% do PFAS no solo de um local de treinamento de combate a incêndios desativado da Força de Defesa da Nova Zelândia. A moagem por bolas de metal intensa a uma velocidade extremamente alta deixou apenas um subproduto seguro, de acordo com Kapish Gobindlal, doutorando da Universidade de Auckland e cientista-chefe da EDL.
Publicado na revista científica Environmental Science: Advances, a pesquisa foi realizada por Kapish Gobindlal e seus orientadores de doutorado, o Dr. Jon Sperry e o Dr. Cameron Weber, professores do Centro de Ciências Químicas Verdes da Universidade de Auckland. Eles colaboraram com os cientistas Andrew Whitehill e Erin Shields, da US EPA.
“Estabelecemos uma prova de conceito e acreditamos que esse método pode ser ampliado de forma mais rápida e barata do que as alternativas”, disse Gobindlal. “Há uma necessidade enorme – só os EUA têm milhares de locais contaminados e a regulamentação está mudando para obrigar a remediação desses locais”, completou
Os ‘produtos químicos para sempre, ou PFAS, resistem à água, óleo e calor, sendo famosos em panelas antiaderentes de Teflon, mas também em vários produtos do cotidiano, desde embalagens de hambúrguer e caixas de pizza a roupas à prova d’água. Eles estão nos animais – até mesmo no plâncton – e no sangue e no leite materno dos humanos por causa das ligações carbono-flúor que impedem a quebra dos produtos químicos. Como os microplásticos, eles são onipresentes, aparecendo na água potável e até na chuva.
Embora o solo contaminado seja apenas parte do problema, é uma parte significativa dele.
Experimentos na Universidade de 2018 a 2023 normalmente envolviam 10 a 30 pequenas bolas de metal colidindo para destruir o PFAS no solo, em espuma de combate a incêndio e em meios como carvão ativado, que é usado para remover o PFAS da água. O processo deixou um pó inerte adequado para ser um aditivo de moagem ou preenchimento não perigoso.
“Além dos locais contaminados com PFAS conhecidos, provavelmente há muitos outros locais desconhecidos ainda a serem identificados por meio de investigação ativa de entidades governamentais e privadas. Provavelmente estamos apenas na ponta do iceberg”, concluiu Kapish Gobindlal.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Auckland (em inglês).
Fonte: Paul Panckhurst, Universidade de Auckland. Imagem: Dr. Kapish Gobindlal. Fonte: Divulgação, Universidade de Auckland.
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