Notícia
Café e antibióticos podem ser riscos para água de Boa Vista
Pesquisa conduzida na capital de Roraima identificou cafeína e amoxicilina no rio Branco e em dois igarapés da cidade
Naiara Demarco, CGGCOM/CAPES
Fonte
CAPES | Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Data
domingo, 14 maio 2023 18:45
Áreas
Cidades. Engenharia Ambiental. Gestão Ambiental. Gestão de Resíduos. Microbiologia. Monitoramento Ambiental. Qualidade da Água. Saneamento. Saúde. Sociedade. Toxicologia.
Cientistas da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) identificaram cafeína e amoxicilina no rio Branco, e dois igarapés – Grande e Mirandinha – que abastecem a cidade de Boa Vista/RR. No projeto, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) na Amazônia Legal, foram encontradas bactérias multirresistentes a antibióticos em amostras coletadas em pontos de captação hídrica na cidade.
O estudo teve foco nessas duas substâncias porque o café é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Assim, a cafeína é um bom indicativo de poluição da água. Já a amoxicilina aparece devido ao aumento no uso de antibióticos durante a pandemia de COVID-19. Os perfis de susceptibilidade das bactérias encontradas foram traçados para diversos remédios antibacterianos como azitromicina, amicacina, ciprofloxacina e a própria amoxicilina.
“A cafeína é um indicador de contaminação por esgotos domésticos, porque é a segunda bebida mais consumida no mundo. Se há presença nos mananciais é porque há ocorrência de esgoto, e nós encontramos quantidades de 170 a 200 microgramas por litro, que são altas”, explicou o Dr. Leovergildo Rodrigues Farias, pesquisador vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da UFRR. “Pelo alto uso de antibióticos na pandemia, a amoxicilina e outros medicamentos são preocupantes, porque fazem proliferar bactérias multirresistentes nos mananciais que abastecem Boa Vista”, continuou o pesquisador.
O Dr. Marcos Vital, coordenador do projeto e pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFRR, afirmou que a presença dessas substâncias na água é um risco para a saúde pública. Nesse ponto, o cientista é categórico: “Já existe um impacto. A água está afetada, contaminada, por essas substâncias”. O objetivo é que os resultados, parcialmente divulgados em artigo publicado na Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, possa levar à formulação de políticas públicas que imponham limites legais às quantidades desses contaminantes que podem ser encontradas nos mananciais.
Para apoiar a pesquisa, a CAPES vai conceder, ao todo, R$200 mil para a UFRR. O valor será dividido em quatro subprojetos, um dos quais é esse. “Contaminantes emergentes, como a cafeína e a amoxicilina, são um problema global por não serem legislados. E no Brasil é incipiente esse tipo de estudo”, concluiu o Dr. Leovergildo Farias.
Acesse o artigo científico completo.
Acesse a notícia completa na página da CAPES.
Fonte: Redação CGCOM/CAPES. Imagem: O Dr. Leovergildo Rodrigues Farias, pesquisador vinculado ao PPG em Recursos Naturais da UFRR, conduziu os trabalhos em Roraima. Fonte: Naiara Demarco, CGGCOM/CAPES.
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