Notícia
Especialistas divulgam análise sobre os impactos das queimadas na Amazônia e no Pantanal
Nota técnica foi um esforço coletivo, com base em dados dos estados, sobre a relação entre queimadas, poluição atmosférica e doenças respiratórias
Divulgação
Fonte
Fiocruz | Fundação Oswaldo Cruz
Data
domingo, 16 abril 2023 11:30
Áreas
Cidades. Ciência Ambiental. Ciência de Dados. Ecologia. Geociências. Geografia. Gestão Ambiental. Monitoramento Ambiental. Políticas Públicas. Qualidade do Ar. Queimadas. Saúde. Saúde Ambiental. Sociedade. Sustentabilidade. Toxicologia.
Um curso criado com o objetivo de subsidiar as análises dos efeitos das queimadas e incêndios florestais na Amazônia e Pantanal, sob o ângulo da saúde, levou profissionais de Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) dos estados da Amazônia Legal e do Bioma Pantanal, assim como colaboradores do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a elaborarem uma nota técnica sobre o tema, que traz informações relevantes como o número de focos de incêndio associados às internações por doenças respiratórias nas duas regiões, durante 2020.
A nota técnica ‘Impacto das queimadas e incêndios florestais na saúde da população da Amazônia Legal e Pantanal em 2020‘ foi um esforço coletivo dos participantes, que realizaram estudos, com base em dados dos seus estados de origem, sobre a relação entre queimadas, poluição atmosférica e doenças respiratórias. Esses estudos indicaram situações diferentes em cada estado, subsidiando políticas de controle, além de constituir um resultado importante para a capacitação de pessoal em vigilância em saúde. Os estudos também contribuem para a construção de redes de discussão e apoio de técnicas de Análise de Situação de Saúde Ambiental (ASISA) com técnicas de análise espacial e geoprocessamento nas Secretarias Estaduais de Saúde-SES e facilitam as discussões e contribuições entre as secretarias e com a equipe da CGVAM/Ministério da Saúde.
Durante o curso ASISA/Queimadas e Incêndios Florestais, promovido pelo Ministério da Saúde, pela Organização Panamericana de Saúde (Opas) e pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (ICICT/Fiocruz), os participantes relacionaram dados georreferenciados de incêndios nas regiões com as internações hospitalares por doenças respiratórias como asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), entre outras.
Números
A análise foi feita por estado, onde em cada região – Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá) e o Bioma Pantanal ((Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), destacaram-se cidades com altos índices de internações e o aumento dos focos de incêndio.
Foi interessante observar que nem sempre o município onde ocorre a queimada é o que tem o aumento dos casos de internação, em especial de crianças até cinco anos e idosos. O vento pode levar a fumaça para os municípios vizinhos, que passam a sofrer muito mais com os seus efeitos.
No Amazonas em 2020, houve uma concentração dos focos de incêndio na região sul do estado (5.602 focos; em 2019 foram 5.420), em municípios com divisa com os estados do Mato Grosso e Rondônia e também em áreas centrais do estado (total de 126.476 focos; sendo que em 2019, haviam sido 92.570 focos de incêndio). Ocorreram internações nas cidades de Uarini (18 crianças e 108 idosos); Alvarães (21 crianças e 3 idosos); e em Tefé (110 crianças e 70 idosos).
Já no Acre, foram 19.750 focos de incêndio (contra 14.712 de 2019) e os municípios mais afetados foram Basiléia (28 crianças, 44 idosos), Xapuri (19 crianças e 42 idosos); Epitaciolândia (14 crianças e 29 idosos); Sena Madureira (24 crianças e 49 idosos) e Tarauacá (60 crianças e 49 idosos). Todos ficam próximas às áreas de queimadas.
No Pantanal, o destaque foi o estado de Mato Grosso, onde a densidade mais alta ou muito alta de focos de incêndio florestais e queimadas, entre 2019 e 2020, concentrou-se nas regiões norte (em 19 cidades), nordeste (15 cidades) e centro sul do Mato Grosso (5), por exemplo.
Um novo olhar
Os estudos realizados pelos profissionais deixaram visível também a redução das internações, por conta da pandemia, em 2020. Segundo a nota técnica: “ficou evidente que o impacto provocado pela pandemia da COVID-19 influenciou nos dados e mesmo observando o aumento expressivo na ocorrência de queimadas durante o período de análise, os serviços de saúde tiveram dificuldades, seja na captura da informação, seja no tratamento de agravos relacionados às queimadas, durante o processo epidêmico.”
Para a Dra. Renata Gracie, coordenadora do curso e do estudo, a iniciativa trouxe um diferencial: “a importância do estudo está no olhar que os trabalhadores da Vigilância em Saúde Ambiental trouxeram para suas análises, muitas vezes levando questões que não eram contempladas pelos dados”. Para ela, o curso proporcionou o aproveitamento das expertises dos alunos de forma prática: “a opção que fizemos por análises segundo os estados nos possibilitou realizar o treinamento de técnicos estaduais de saúde, e também discutir mais sobre tema, observando as diferenciações nos estados com relação ao efeito das queimadas e incêndios florestais”.
A Dra. Renata Gracie acrescentou ainda, chamando a atenção para as considerações finais da nota, que a “a realização do curso e a elaboração deste documento traz subsídios para que se avance em diferentes questões que serão abordadas no aperfeiçoamento de posteriores Notas Técnicas e turmas dos Cursos de Análise de Situação de Saúde em Queimadas e Incêndios Florestais – ASISA”.
Acesse a notícia completa na página da Fiocruz.
Fonte: ICICT/Fiocruz. Imagem: Divulgação.
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