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Brasil tem janela de oportunidade para expandir o uso de energia renovável

Avaliação foi feita por participantes de evento promovido pelo Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais em parceria com o Instituto ClimaInfo com o objetivo de discutir o novo relatório do IPCC

Uwe Aranas via Wikimedia Commons

Fonte

Agência FAPESP

Data

terça-feira, 28 março 2023 06:20

Áreas

Clima. Energia. Engenharia Ambiental. Geociências. Geografia. Gestão Ambiental. Mudanças Climáticas. ODS. Sustentabilidade. Tecnologias.

O Brasil apresenta algumas vantagens comparativas no combate às mudanças climáticas em relação a outros países, entre elas uma matriz energética diversificada, com participação expressiva de fontes de energia renováveis. É preciso, porém, tornar essas vantagens competitivas, equacionando os aspectos econômicos, sociais e de redução das emissões de carbono.

A avaliação foi feita por pesquisadores participantes de um evento on-line promovido recentemente pelo Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), em parceria com o Instituto ClimaInfo, com o objetivo de discutir o relatório-síntese do Sexto Ciclo de Avaliação (AR6) publicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e os desafios para o Brasil.

“Temos de encontrar meios para transformar as nossas vantagens comparativas em competitivas para permitir o progresso econômico do Brasil, com justiça social. Isso nos dará a oportunidade de, ao mesmo tempo, combater as mudanças climáticas e adotar um modelo de desenvolvimento menos desigual, com menos pobreza”, avaliou Ana Toni, secretária nacional de mudanças do clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

De acordo com o relatório-síntese do IPCC, a temperatura média global já está 1,1 °C mais alta em relação aos níveis pré-industriais. Isso tem resultado em eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos, com incêndios florestais e inundações, que têm causado impactos perigosos sobre a natureza e as pessoas em todas as regiões do mundo.

Os esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) não têm sido suficientes e é provável que o aumento da temperatura global atinja 1,5 °C até 2025, aponta o relatório.

“O documento destaca que, a cada incremento no aquecimento, os riscos, impactos e perdas e danos aumentam. E, quando esses riscos se combinam com outros eventos adversos, podem muitas vezes criar situações em cascata para setores e regiões e tornam-se cada vez mais difíceis de serem manejados”, disse a Dra. Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que foi uma das revisoras do novo relatório-síntese.

As opções disponíveis para adaptação às mudanças climáticas estão se tornando mais limitadas e menos eficazes a cada incremento no aquecimento. Algumas mudanças futuras são inevitáveis e outras possivelmente irreversíveis, mas podem ser diminuídas por meio de reduções profundas, rápidas e sustentadas das emissões de GEE em todos os setores nesta década, de modo a limitar o aquecimento da temperatura a 1,5 °C até 2030.

Para atingir esse objetivo será preciso diminuir as emissões de GEE quase pela metade até 2030 e atingir emissões líquidas de CO2 negativas no início da década de 2050, sublinhou o relatório.

“O relatório aponta claramente que já temos todas as tecnologias necessárias para reduzir pela metade as emissões de GEE até 2030 e os recursos financeiros para realizar essa tarefa”, afirmou o Dr. Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) e membro da coordenação do PFPMCG.

“Segundo o relatório, os custos da energia solar e eólica, por exemplo, diminuíram 85% e 55%, respectivamente, e os das baterias de íon de lítio também caíram 85% [entre 2010 e 2019]. Portanto, é possível hoje desenvolver tecnologias que façam sentido do ponto de vista financeiro”, avaliou Artaxo.

Oportunidades e desafios

O Brasil tem uma grande janela de oportunidade para aumentar a participação dessas fontes de energia renovável em sua matriz energética, afirmou o Dr. Moacyr Araújo, coordenador científico da Rede Brasileira sobre Mudanças Climáticas (Rede Clima).

No caso da energia solar, uma das regiões do país com maior potencial de expansão de geração é o semiárido nordestino, apontou o coordenador da Rede Clima.

“Só em Pernambuco, há 110 municípios com propriedades entre 4 e 5 hectares dos quais 1 hectare já está degradado. Se colocarmos esses municípios para produzir energia solar e o produtor passar a receber pelo excedente de energia gerada, será possível revolucionar o semiárido nordestino”, avaliou.

Já no caso da energia eólica, as regiões com maior predisposição para geração são a Norte e a Nordeste, onde está situada a zona de convergência intertropical, na qual os ventos que vêm da Europa convergem com os vindos do sul da África, com forte intensidade durante o ano todo. “Isso é o sonho de consumo de qualquer produtor de energia eólica”, destacou o Dr. Moacyr Araújo. De acordo com ele, o potencial de geração de energia eólica em novos projetos na região é da ordem de 133 gigawatts (GW).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Elton Alisson, Agência FAPESP. Imagem: Uwe Aranas via Wikimedia Commons.

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