Notícia

Estudo mostra crescimento de superbactérias em importante rio de Minas Gerais

Após tragédia de Brumadinho, a lama dos rejeitos minerais provocou a proliferação de micróbios resistentes nas águas do Paraopeba

Diego Baravelli via Wikimedia Commons

Fonte

UFRJ | Universidade Federal do Rio de Janeiro

Data

segunda-feira, 13 fevereiro 2023 06:10

Áreas

Biologia. Desastre Ambiental. Ecologia. Engenharia Ambiental. Gestão Ambiental. Governança Ambiental. Hidrologia. Impacto Ambiental. Microbiologia. Monitoramento Ambiental. Qualidade da Água. Recursos Hídricos. Saneamento. Saúde. Toxicologia.

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com outras universidades brasileiras, analisaram as águas do Rio Paraopeba, em Minas Gerais, e descobriram mudanças na diversidade microbiana que levaram algumas bactérias a aumentar a resistência a antibióticos.

As coletas foram realizadas ao longo de 464 quilômetros, em oito locais diferentes de amostragem, entre fevereiro e maio de 2019, período subsequente ao desastre ecológico de Brumadinho. Em janeiro de 2019, com o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, da empresa mineradora Vale, foram lançados cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeito no meio ambiente.

O acidente foi responsável pela morte de 272 pessoas, três das quais ainda desaparecidas. Este é considerado o segundo maior desastre ambiental do Brasil, ficando atrás apenas do rompimento da barragem da mina de Fundão, da Samarco, em Mariana, ocorrido em 2015.

As análises mostraram mudanças na diversidade microbiana imediatamente após o desastre, com a presença de bactérias indicadoras de metais (Acinetobacter, Bacillus, Novosphingobium Sediminibacterium). A identificação de isolados bacterianos também revelou possível contaminação fecal (Cloacibacterium, Bacteroides, Feaecalibacterium, Bifidobacterium, Citrobacter, Enterobacter, Enterococcus e Escherichia) em todo o Paraopeba.

O estudo destacou que a área impactada pelo desastre criou “pontos de proliferação de micróbios resistentes a antibióticos, que representam sérios riscos em potencial para a saúde humana”. Moeda, Brumadinho, Igarapé, Juatuba, Varginha, Angueretá, Retiro Baixo e Três Marias foram os oito locais de amostragem.

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)  contribuíram com o trabalho, que foi aceito para publicação na revista científica Science of the Total Environment.

De acordo com o Dr. Fabiano Thompson, professor do Instituto de Biologia da UFRJ, o estudo avaliou a diversidade microbiana na água do Rio Paraopeba antes e depois da chegada da lama. “Os resultados do estudo indicam aumento de bactérias resistentes ao ferro, aumento de superbactérias e aumento de indicadores de contaminação fecal. A lama não é inerte e parece ter induzido mudanças na diversidade, com, por exemplo, aumento desses micróbios resistentes. Ainda não foram realizadas pesquisas sobre a presença de superbactérias nas populações do entorno”, afirmou o pesquisador.

Para o professor Fabiano Thompson, uma das hipóteses para a proliferação de micróbios de forma exponencial após o desastre tem relação com a quantidade de nutrientes trazidos pelo desastre e que promovem o crescimento microbiano na água do rio.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa no Portal Conexão UFRJ.

Fonte: Sidney Rodrigues Coutinho, Conexão UFRJ. Imagem: Trecho do rio Paraopeba em Minas Gerais contaminado por rejeitos (Expedição Brumadinho, fevereiro de 2019, Brumadinho/MG). Fonte: Diego Baravelli via Wikimedia Commons.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2025 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account