Notícia
Projeto lança base de dados inédita sobre a Amazônia
A base de dados ‘Trajetórias’ é resultante do projeto ‘Trajetórias’, um dos sete projetos de síntese do SinBiose/CNPq
Laboratório de Investigação em Sistemas Socioambientais, INPE
Fonte
Fiocruz | Fundação Oswaldo Cruz
Data
quarta-feira, 8 fevereiro 2023 16:25
Áreas
Ciência Ambiental. Ciência de Dados. Ciência Social. Desigualdade Socioambiental. Economia. Geografia. Gestão Ambiental. Monitoramento Ambiental. Políticas Públicas. Saúde. Sociedade.
Pesquisadores do Centro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (SinBiose/CNPq) publicaram recentemente, na revista Scientific Data, a base de dados Trajetórias. A base reúne 36 indicadores ambientais, socioeconômicos e epidemiológicos referentes ao período de 2000 e 2017 para todos os 772 municípios de nove estados da Amazônia Legal brasileira. Os dados estão disponíveis de forma aberta e gratuita para quem quiser consultar.
A seleção, a análise e a equalização destes dados levaram aproximadamente três anos e cobriu uma área de 5 milhões de km2, que representa aproximadamente 60% de todo o território brasileiro. “Este conjunto de dados vai permitir investigar a associação entre os sistemas agrários amazônicos e seus impactos nas mudanças ambientais e epidemiológicas, além de ampliar as possibilidades de compreensão, de forma mais integrada e consistente, dos cenários que afetam o bioma amazônico e seus habitantes”, explicou a Dra. Claudia Codeço, coordenadora do projeto e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A base de dados Trajetórias é resultante do projeto Trajetórias, um dos sete projetos de síntese do SinBiose/CNPq. O foco do projeto é gerar sínteses do conhecimento acerca das relações entre desenvolvimento econômico, uso do solo, epidemiologia e conservação na Amazônia. A equipe reúne epidemiologistas, economistas, ecologistas, biólogos, geógrafos, médicos e cientistas sociais que desenvolveram indicadores multidisciplinares e coerentes para estudos integrados na Amazônia brasileira.
“Trata-se de um conjunto de dados provenientes de diferentes fontes e instituições que foram harmonizados, ou seja, que passam a compartilhar a mesma unidade de análise espacial e temporal para que possam ser comparados”, explicou a Dra. Ana Rorato, primeira autora do estudo e pós-doutoranda do projeto Trajetórias.
Os temas disponíveis para consulta na base Trajetórias são: perda de habitat, uso e cobertura da terra, mobilidade humana, anomalias climáticas, carga de doenças transmitidas por vetores e índices de pobreza multidimensional para populações rurais e urbanas para cada um dos municípios da Amazônia Legal brasileira, dentre outros. Estes indicadores e índices estão pontuados em quatro marcos temporais: os censos demográficos de 2000 e 2010 e os censos agropecuários realizados em 2006 e 2017.
Além dos dados do censo do IBGE, a base de dados conta com informações derivadas de imagens de satélite de fontes nacionais e internacionais e do Sistema Nacional de Notificação de Doenças. “Essas fontes de dados foram escolhidas devido ao seu fácil acesso, abrangência temporal e espacial e alta qualidade dos dados”, explicaram os autores.
Um cuidado que os autores tiveram foi o de criar índices que reflitam a realidade amazônica. “Por exemplo, o índice de pobreza tradicional pode funcionar bem em grandes metrópoles, mas não funciona na realidade amazônica”, complementou a Dra. Claudia. “Medir a pobreza na região amazônica é uma tarefa complexa, pois requer uma compreensão de questões que transcendem os indicadores econômicos”, informam no texto. A abordagem adotada mede o grau de privação familiar em áreas rurais e urbanas, que podem afetar e ser afetadas por mudanças ambientais e econômicas. Assim, criou-se o Índice de Pobreza Multidimensional em suas versões rural e urbana. Estes índices são compostos a partir do cálculo de 15 a 19 indicadores de saúde, educação e condições de vida (que inclui habitação, serviços coletivos, emprego e bens de consumo privados). “Pobreza multidimensional significa privação simultânea em múltiplas dimensões”, explicou a Dra. Claudia. Neste cálculo, uma família é considerada multidimensionalmente pobre se sua pontuação de privação é superior a 0,25.
Outra preocupação na preparação da base de dados Trajetórias foi de garantir que estes dados possam ser reproduzidos futuramente. Para isso, a ‘receita’ para se repetir cada indicador está detalhadamente descrita no artigo publicado. “Isto vai possibilitar o monitoramento da saúde única da Amazônia em diferentes momentos e situações”, explicou a Dra. Ana Rorato. Segundo a Dra. Claudia Codeço, “o próximo passo é desenvolver modelos e identificar tipologias ambientais e seus graus de impacto na Amazônia para então fazer predições para o futuro”.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a base de dados Trajetórias.
Acesse a notícia completa na página da Fiocruz.
Fonte: Fiocruz e SinBiose/CNPq. Imagem: O índice de pobreza tradicional pode funcionar bem em grandes metrópoles, mas não funciona na realidade amazônica. Fonte: Laboratório de Investigação em Sistemas Socioambientais, INPE.
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