Notícia
Biogás produzido com bagaço de maçã pode minimizar o uso de combustível fóssil na indústria
Estudo feito por grupos da Unicamp e da UFABC mostra que a utilização da bioenergia evita a emissão de gases de efeito estufa; outro benefício do biorreator é a conversão do bagaço em adubo orgânico
JillWellington via Pixabay
Fonte
FAPESP Pesquisa para Inovação
Data
quinta-feira, 26 janeiro 2023 11:35
Áreas
Biotecnologia. Economia. Energia. Engenharia Ambiental. Gestão de Resíduos. Indústria. Inovação. Microbiologia. Negócios. Políticas Públicas. Tecnologias.
Cientistas da Universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do ABC (UFABC) utilizaram com sucesso bagaço de maçã para produzir biogás. A pesquisa, publicada na revista científica Biomass Conversion and Biorefinery, está inserida na filosofia da ‘economia circular’, cujos princípios são redução de custos, fechamento dos ciclos de produção de resíduos e avanço da reutilização e reciclagem de bioenergia e biomateriais.
A maçã está entre as frutas mais consumidas em todo o mundo, tanto in natura como processada em suco, vinagre e cidra, entre outros. Mas os subprodutos gerados pela indústria são geralmente descartados sem qualquer aplicação posterior. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a produção mundial de maçã em 2020 foi de quase 86,5 milhões de toneladas. China (46,85%), Estados Unidos (5,38%) e Turquia (4,97%) são os produtores mais destacados.
“A biorrefinaria com tecnologia de digestão anaeróbia gera energia elétrica e térmica, reduz emissões de gases de efeito estufa e valoriza o resíduo, convertido em adubo orgânico”, explicou a Dra. Tânia Forster Carneiro, que concluiu o doutorado em Engenharia de Processos Industriais na Universidade de Cádiz (Espanha) em 2004 e atualmente leciona na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, na área de Bioengenharia e Biotecnologia.
Como explicou a pesquisadora, digestão anaeróbia é um processo microbiológico que envolve consumo de nutrientes e produção de metano. A digestão anaeróbia do tipo seca (com concentração total de sólidos dentro do reator acima de 15%) é considerada um tratamento interessante para resíduos orgânicos sólidos e uma destinação final mais adequada ambientalmente quando comparada com aterros sanitários.
Os resultados mostraram um rendimento de 36,61 litros de metano por quilo de sólidos removidos, o que pode gerar 1,92 quilowatt-hora (kWh) de eletricidade e 8,63 megajoules (MJ) de calor por tonelada de bagaço de maçã.
A bioenergia recuperada pela indústria poderia suprir 19,18% de eletricidade e 11,15% de calor nos gastos operacionais do reator. Assim, os biocombustíveis e a bioeletricidade podem contribuir para as políticas públicas, reduzir o consumo de combustíveis fósseis e a emissão de gases de efeito estufa procedentes dos resíduos orgânicos.
O trabalho também é assinado pelos estudantes e pesquisadores da FEA-Unicamp Larissa Castro Ampese (doutoranda), William Gustavo Sganzerla (doutorado direto), Henrique Di Domenico Ziero (doutorando) e Dr. Josiel Martins Costa (pós-doutorado), além do Dr. Gilberto Martins, professor do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da FAPESP Pesquisa para Inovação.
Fonte: Ricardo Muniz, FAPESP Pesquisa para Inovação. Imagem: JillWellington via Pixabay.
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