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Projetos ligados à Iniciativa Amazônia +10 devem envolver habitantes da região, defendem especialistas

Fonte

Agência FAPESP

Data

quarta-feira, 7 dezembro 2022 10:50

A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera terrestre alcançou em 2019 o maior valor dos últimos 2 milhões de anos. Se outros motivos não existissem, este, por si só, seria suficiente para colocar a humanidade em estado de atenção. Ainda é possível baixar, até 2030, essa concentração pela metade. Mas, para isso, ações urgentes precisam ocorrer. E a redução drástica do desmatamento e da degradação florestal está entre as mais importantes.

O assunto foi levantado pela pesquisadora Dra. Thelma Krug durante o 39º webinário do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação, dedicado ao tema “Iniciativa Amazônia+10”. a Dra. Thelma Krug é vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas Globais (IPCC) das Nações Unidas e membro do Conselho Superior da FAPESP.

Ela lembrou que, para ser alcançada a meta estabelecida no Acordo de Paris (2016) – de conter o aquecimento global abaixo de 2oC, preferencialmente em até 1,5oC, comparativamente aos níveis pré-industriais –, esforços robustos de mitigação precisam ser empreendidos. “A mitigação do aquecimento global envolve tanto a redução de emissões quanto a captura de carbono da atmosfera e seu armazenamento na terra ou em produtos”, disse a pesquisadora.

Sede da maior floresta tropical e do maior sistema fluvial do mundo, a Amazônia perdeu, desde o início deste século, cerca de 30% de sua capacidade de reter dióxido de carbono, conforme informação já veiculada anteriormente pela Agência FAPESP.

“Se for mantida a tendência atual, por volta de 2035 a região passará a ser predominantemente emissora de carbono para a atmosfera e não mais sequestradora de carbono”, afirmou, no webinário, a pesquisadora Dra. Simone Aparecida Vieira, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Nepam-Unicamp).

Essa possível e dramática inflexão é condicionada por dois fatores principais: por um lado, a mudança climática global, com a ocorrência de eventos extremos, como as secas que já estão impactando a região; por outro, o desmatamento e a degradação florestal. A taxa de desmatamento, que havia caído consistentemente na primeira década do século, voltou a crescer de forma vertiginosa nos últimos quatro anos, tornando vital a adoção e implementação efetiva de uma política de desmatamento zero.

A Dra. Simone Vieira informou que “a Amazônia abriga aproximadamente 40% da área de florestas tropicais do planeta e contém cerca de 30% dos estoques de carbono retidos na vegetação terrestre”. Tudo isso sobreleva a importância da Iniciativa Amazônia +10. Criado e implementado pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), com a adesão do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), o projeto tem como objetivo apoiar a pesquisa e a inovação tecnológica na Amazônia Legal, promovendo a interação natureza-sociedade e o desenvolvimento sustentável e inclusivo da região.

Conforme o site do projeto, “a iniciativa aspira promover ações convergentes de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) que fortaleçam diretrizes, eixos e proposituras do Planejamento Estratégico de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, visando superar obstáculos para o reflorestamento de áreas degradadas, o desenvolvimento de atividades agrícolas de baixa emissão de gases de efeito estufa, a agregação de valor nas cadeiras produtivas da bioeconomia, a geração de alimentos, a produção de fármacos, a geração de energia limpa etc. e a garantia de acesso a serviços básicos para as populações que habitam na região”.

A primeira chamada de propostas de pesquisa da Iniciativa Amazônia +10 mobilizou mais de 500 pesquisadores em 20 Estados brasileiros. Foram selecionadas 39 propostas de 18 Estados e do Distrito Federal, com investimentos das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) totalizando R$ 41,9 milhões.

Os projetos selecionados estão orientados em três grandes eixos temáticos: Território, Povos da Amazônia e Fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis.

Como enfatizaram o cientista Dr. Odir Dellagostin, presidente do Confap e o professor Dr. Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, que moderou o webinário, é fundamental que os habitantes da Amazônia, em sua grande diversidade, não sejam meros objetos da iniciativa, mas sujeitos com pleno direito. “Os desafios serão estruturados em torno de quatro pilares: biodiversidade e mudança climática; proteção de comunidades tradicionais; desafios urbanos da Amazônia Legal; e bioeconomia como política de desenvolvimento econômico”, falou o presidente do Confap.

O último palestrante do evento foi o Dr. Deyvison Medrado, diretor científico da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA). “É hora de os projetos chegarem, de fato, na população que reside na Amazônia”, disse.

Para isso, segundo o diretor científico da FAPESPA, os projetos precisam se assentar sobre três pilares básicos: as pessoas que vivem na Amazônia; a economia regional, que possibilite à população se desenvolver nos âmbitos local e nacional; e a floresta em pé, como principal ativo da região.

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: José Tadeu Arantes, Agência FAPESP.

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