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Na Espanha, pesquisadores desenvolveram método de gestão eficiente e sustentável de águas residuais para uso na irrigação agrícola
A água já usada pode ser tratada e reutilizada para irrigar as lavouras, evitando a extração de maiores quantidades de fontes naturais. Com base nessa ideia, pesquisadores da Universidade Politécnica de Madri (UPM) e da Universidade de Valladolid (UVa), na Espanha, propuseram um método para quantificar os custos e benefícios de projetos de reutilização de água de irrigação, identificando aqueles que potencialmente trariam maiores benefícios. O método proposto facilita a definição de cenários alternativos e fornece evidências científicas para apoiar as decisões de políticas de águas.
A água é um ingrediente fundamental para as culturas agrícolas, especialmente as culturas irrigadas que requerem que seja extraída do ambiente natural (reservatórios, aquíferos subterrâneos). Às vezes, os agricultores não têm tanto quanto gostariam, e as mudanças climáticas também implicam em maior variabilidade na disponibilidade de água: chuvas mais intensas, mas também períodos de seca mais longos e imprevisíveis.
Aumentar a extração de água do ambiente natural tem seus riscos: rios com pouca vazão dificultam o desenvolvimento da flora e da fauna, e aquíferos cada vez mais profundos exigem poços mais profundos e bombas d’água que consomem mais energia. Por isso, buscam-se fontes alternativas de água para continuar sustentando a atividade agrícola sem comprometer os ecossistemas com os quais convive.
Uma dessas fontes alternativas é, literalmente, a água que já foi usada em casa. A maior parte da água de consumo doméstico é água parada, apenas misturada com outros elementos, como sabão e restos de comida. Esta água é normalmente lançada nos rios ou no mar após tratamentos de purificação que evitam que seja poluente. Mas uma parte pode passar por tratamentos adicionais que restauram sua pureza inicial para que possa ser reutilizada na irrigação de lavouras. Com isso, ‘várias vidas’ podem ser dadas à água que extraímos do ambiente natural. “A ideia é boa e a tecnologia para isso já está disponível. No entanto, o reaproveitamento da água para irrigação está atualmente muito abaixo do seu potencial”, comentou o Dr. Antonio Bolinches, pesquisador do projeto RECLAMO.
Esses tratamentos adicionais podem ser feitos em plantas chamadas ‘estações de regeneração de águas residuais’ (ERAR). Essas estações requerem investimentos iniciais para sua construção e têm um custo operacional, o que significa que deve ser escolhido adequadamente o local de instalação. O projeto RECLAMO, liderado pela Dra. Irene Blanco, pesquisadora da Universidade Politécnica de Madri, enquadra-se neste contexto.
Um estudo específico realizado neste projeto analisou como priorizar projetos de reúso de água, levando em consideração os potenciais clientes (irrigadores) existentes no entorno, os benefícios gerados e os custos de infraestrutura. Para isso, a equipe desenvolveu um algoritmo capaz de gerar automaticamente um layout da rede de distribuição de água que minimize o custo, com base nas características locais. O método foi aplicado na região do Alto Guadiana, no centro de Espanha, onde se registaram problemas de sobrexploração dos aquíferos locais e consequentes restrições ao uso da água.
Considerando as estações de tratamento de efluentes existentes, os projetos candidatos ao reúso são classificados de acordo com sua relação custo/benefício, apresentando grandes diferenças de acordo com a localização e potencial de uso da água de reúso. Com isso, os custos e benefícios de cada projeto candidato podem ser conhecidos antecipadamente.
Com essas informações, as autoridades podem tomar decisões sobre os investimentos a serem feitos e antecipar o efeito de mudanças no tipo de cultivo, na tecnologia de regeneração da água ou nas taxas de juros para reembolsos, por exemplo.
Os resultados foram publicados recentemente na revista científica Agricultural Water Management.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Politécnica de Madri (em espanhol).
Fonte: Universidade Politécnica de Madri.
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