Notícia
Hidrogel fertilizante de baixo custo é desenvolvido pela Embrapa
Paloma Bazan, Embrapa.
O Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Instrumentação desenvolveu, com apoio da FAPESP, um fertilizante de liberação controlada feito à base de hidrogel com capacidade de absorver até mil vezes o seu peso em água.
O produto é aplicado em pó no solo. Em contato com a chuva ou por meio de sistemas de irrigação, o fertilizante absorve grande volume de água e a libera junto com o nutriente de forma controlada. Os resultados da tecnologia são promissores e os pesquisadores procuram parcerias com a iniciativa privada para finalizá-la e, posteriormente, levá-la ao mercado.
Com uma única aplicação, os nutrientes podem ser liberados ao longo de até oito dias, ajudando no melhor aproveitamento do produto. Com isso é possível reduzir custos, por conta da menor aplicação de fertilizante, e ter menos concentração nas lavouras, diminuindo o risco de contaminação ambiental.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Dr. José Manoel Marconcini, a nova formulação do fertilizante à base de hidrogel pode ser aplicada em diferentes culturas, conforme a necessidade de nutrientes de cada planta. “O fertilizante foi desenvolvido de forma que possa carregar e liberar tanto macro como micronutrientes na lavoura”, afirma. Os ensaios estão sendo realizados na Embrapa Hortaliças, no Distrito Federal, em casa de vegetação com tomate e pimentão.
Embora o uso do hidrogel no setor agrícola seja considerado promissor, o alto custo de produção e a baixa biodegradabilidade dos produtos convencionais ainda limitam sua aplicação em larga escala. A forma encontrada pelos pesquisadores para reduzir esse custo, e ainda melhorar algumas propriedades de liberação gradual de nutrientes, foi incorporar argilominerais nas cadeias poliméricas do hidrogel. Enquanto o hidrogel puro pode ser encontrado de R$ 40,00 a R$ 50,00 o quilo, o argilomineral usado na pesquisa custou centavos. A tecnologia apresenta custo de produção bem inferior aos hidrogeis convencionais.
Os resultados fazem parte de um esforço de vários trabalhos de pesquisa, recentemente descritos na dissertação de mestrado do estudante Adriel Bortolin, do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos.
De acordo com o pesquisador Dr. Cauê Ribeiro, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Instrumentação e orientador do mestrado, não há notícia de produto comercial semelhante para uso na agricultura. Hidrogéis convencionais começaram a ser utilizados como condicionadores de solo no fim da década de 1980. Apenas recentemente, alguns grupos de pesquisa atentaram-se para o potencial do hidrogel de levar nutrientes em lavouras. “É no intuito de explorar esse nicho de mercado que o hidrogel foi desenvolvido, com a ajuda de diversos colaboradores. Acreditamos que ele tenha alto potencial para ser empregado,” revela o cientista.
A pesquisa teve início na Embrapa Instrumentação com a equipe liderada pelo pesquisador Dr. Luiz Henrique Capparelli Mattoso, durante orientação de curso de doutorado de Fauze Ahmad Aouada, atualmente professor no Departamento de Física e Química da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Ilha Solteira.
Em continuidade a essa pesquisa, o mestrando Adriel Bortolin se empenhou para melhorar as características dos hidrogéis pela combinação com polissacarídeos, uma vez que esses polímeros naturais melhoram as propriedades hidrofílicas (atração por água) dos hidrogéis e a sua biodegradabilidade. A formulação com polissacarídeos modificados com o argilomineral formou um nanocomposito, que é a estrutura de liberação.
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