Notícia
Poluição por sal induzida pelo homem é uma grande ameaça à biodiversidade em lagos
A pesquisa, publicada na revista científica PNAS, foi realizada em 16 locais em quatro países: dezenas de cientistas da América do Norte e da Europa colaboraram
Divulgação, Universidade Queen's
Fonte
Universidade Queen's
Data
domingo, 27 março 2022 15:55
Áreas
Biologia. Ecologia. Geografia. Microbiologia. Monitoramento Ambiental. Recursos Hídricos.
Um estudo internacional liderado pela pesquisadora Dra. Shelley Arnott, professora de Biologia da Universidade Queen’s, no Canadá, e pelo Dr. William Hintz, professor de Ecologia da Universidade de Toledo, nos Estados Unidos, descobriu que a salinidade dos ecossistemas de água doce causada por sais de degelo de estradas, fertilizantes agrícolas, operações de mineração e mudanças climáticas está aumentando em todo o mundo, e as diretrizes atuais de qualidade da água não são eficazes.
A pesquisa, publicada recentemente na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), foi realizada em 16 locais em quatro países. Dezenas de cientistas da América do Norte e da Europa colaboraram nesta pesquisa.
O excesso de sal na água doce é problemático porque desencadeia uma perda maciça de zooplâncton, uma importante fonte de alimento para os peixes, e um aumento de algas. Mesmo os lagos que atingiram os limites mais baixos de cloreto estabelecidos pelos governos do Canadá, dos EUA e de toda a Europa sofrem os efeitos negativos da salinização.
“A perda de zooplâncton que leva a mais algas tem o potencial de alterar os ecossistemas dos lagos de maneiras que podem mudar os serviços que os lagos fornecem, ou seja, oportunidades recreativas, qualidade da água potável e pesca. Mais algas na água podem levar a uma redução na clareza da água, o que também pode afetar os organismos que vivem no fundo dos lagos”, disse a Dra. Shelley Arnott.
No Canadá, o limite para a concentração de cloreto é de cerca de 120 miligramas de cloreto por litro; nos EUA é de cerca de 230 miligramas de cloreto por litro, e na Europa esse limite é geralmente muito mais alto. Menos de uma colher de chá de cloreto pode poluir cerca de 19 litros de água, a ponto de ser prejudicial para muitos organismos aquáticos.
Mas o estudo mostra que os impactos negativos ocorrem bem abaixo desses limites. Em 11 dos 16 locais de estudo, os limites de concentração de cloreto de sódio que causaram uma redução de mais de 50% no zooplâncton estavam no limite ou abaixo dos limites estabelecidos para o cloreto pelo governo canadense.
Os pesquisadores disseram que os resultados indicam uma grande ameaça à biodiversidade, qualidade da água e funcionamento dos ecossistemas de água doce e há uma urgência para os governos reavaliarem as concentrações atuais.
“A poluição por sal que ocorre devido às atividades humanas, como o uso os sais de degelo de estradas, está aumentando a salinidade dos ecossistemas de água doce a ponto de as diretrizes projetadas para proteger as águas doces não funcionarem. Nosso estudo mostra os custos ecológicos da salinização e ilustra a necessidade imediata de reavaliar e reduzir os limites de cloreto de sódio existentes e estabelecer diretrizes sólidas em países onde eles não existem para proteger os lagos da poluição salina”, ressaltou o Dr. William Hintz.
Os pesquisadores sugerem que novos limites devem integrar a suscetibilidade das comunidades ecológicas em escala local e regional. O governo também deve encontrar um equilíbrio cuidadoso entre o uso humano do sal responsável pela salinização da água doce com impactos ecológicos, bem como reduzir ou encontrar alternativas para a quantidade de sal usada para derreter neve e gelo no inverno [onde for o caso. O estudo teve foco na América do Norte e Europa, mas pode servir de alerta para o mundo todo].
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Queen’s (em inglês).
Fonte: Victoria Klassen, Universidade Queen’s. Imagem: Divulgação, Universidade Queen’s.
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