Notícia
Amazônia terá sistema abrangente de análise de emissões de gases de efeito estufa
Coordenada pelo cientista Paulo Artaxo, plataforma inovadora e de acesso livre está sendo desenvolvida pelo Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) para ajudar nos estudos do papel da Amazônia no clima global
Imazon
Fonte
Jornal da USP
Data
terça-feira, 15 março 2022 19:40
Áreas
Clima. Inteligência Artificial. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas. Políticas Públicas.
O Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), sediado na Universidade de São Paulo (USP) com financiamento da empresa Shell e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), está desenvolvendo um banco de dados sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) na região amazônica. A plataforma está sendo construída com técnicas avançadas de ‘big data’ para gerar dados que possam ser usados para monitorar as emissões dos gases; compreender melhor suas causas; e nortear a criação e a fiscalização de políticas públicas voltadas à mitigação de emissões. Ela permitirá acompanhar os compromissos internacionais do Brasil na redução do desmatamento e na emissão de gases de efeito estufa pelo ecossistema Amazônia.
A plataforma contará com o apoio de diversas Organizações Não Governamentais (ONGs), como o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o MapBiomas, que trazem diversos dados geolocalizados sobre as emissões de GEEs e o desmatamento na Amazônia, além de possibilitar retroalimentar outros bancos de dados. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa), o Programa LBA (Experimento de Larga Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia), a torre ATTO (Amazon Tall Tower Observatory), a Escola Politécnica da USP (EPUSP) e o Instituto de Física da USP (IFUSP) são os coordenadores do projeto.
Dados abrangentes
Neste esforço conjunto, será possível analisar dados de superfície e de satélites sobre as emissões e absorções, incorporando informações ao longo dos últimos 25 anos, com forte parceria com o sistema MapBiomas. “Conseguiremos também analisar o estado atual das emissões quase em tempo real e fazer projeções, usando Inteligência Artificial e técnicas avançadas de aprendizado de máquina”, destacou o Dr. Paulo Artaxo, professor do IFUSP e um dos pesquisadores principais no RCGI. O objetivo, segundo ele, é obter uma visão abrangente dos complexos e amplos aspectos que impactam o ecossistema amazônico e seu balanço de emissões de gases de efeito estufa.
Trata-se da primeira plataforma a trazer, de forma unificada, a maior parte dos parâmetros que controlam o processo de absorção e emissão de dióxido de carbono e metano para a atmosfera. “Essa iniciativa será crucial para o Brasil adotar políticas públicas lastreadas pela ciência, com dados abrangentes e confiáveis, que possibilitem cumprir as metas de redução de emissões de GEEs. Irá complementar esforços importantes do Inpe, Imazon, Ipam, LBA, SEEG, MapBiomas e outras entidades”, afirmou o professor Paulo Artaxo.
O Brasil é o sexto país que mais emite GEEs no mundo, sendo o desmatamento da Amazônia nossa principal fonte de emissões. No Acordo de Paris, em 2015, e na COP-26, em 2021, o governo brasileiro assumiu diversos compromissos para redução de emissões de GEEs. Até 2030, terá que diminuir as emissões de carbono em 50%, e em 30% as emissões de metano, além de zerar emissões de CO2 até 2050. “Os maiores esforços neste sentido deverão ser concentrados na Amazônia, de onde se originam 47% das emissões dos GEEs no País – a maior parte causada pelo desmatamento. Daí a importância de termos uma plataforma com informações consolidadas sobre as emissões de GEEs”, afirmou o pesquisador.
Desafios do projeto
O banco de dados será gigante. Conterá dados de satélites, dados de medidas em torres, medidas do sistema Lidar (Inpe) e dados meteorológicos, cobrindo toda a região amazônica em seus nove países, não só do Brasil. “As técnicas de ‘big data’, como Inteligência Artificial e aprendizado de máquina, serão usadas para processar e analisar esta gigantesca massa de dados, desvendando os complexos relacionamentos não lineares entre os múltiplos parâmetros”, explicou o coordenador da parte computacional do projeto, Dr. José Reinaldo Silva, professor da EPUSP. “O sistema amazônico é tão complexo e amplo que, para seu entendimento mais completo, é necessário o desenvolvimento de ferramentas computacionais avançadas, que permitam uma compreensão do comportamento não linear da interação da floresta com o sistema climático”, acrescentou o pesquisador.
Segundo o Dr. Paulo Artaxo, a primeira fase, que já está em andamento, é a de coleta de dados de sensoriamento remoto, de superfície e de modelagens já feitas. Essa etapa está sendo realizada em parceria com o MapBiomas, Ipam, Inpe, LBA, Imazon, torre ATTO, LBA e outros parceiros. “Depois disso, vamos começar a integrar e ligar diversos bancos de dados e desenvolver as ferramentas de Inteligência Artificial que permitam extrair informações qualificadas do sistema como um todo”, concluiu o pesquisador.
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Jornal da USP. Imagem: Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), Amazônia Legal e Bioma Amazônia, Abril 2021. Fonte: Imazon.
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