Notícia
Testes em organismos não-alvos permitem estimar limites de concentração de herbicidas
Uma parcela dos herbicidas poderá alcançar longas distancias, por meio de fontes pontuais e difusas, drenagem urbana ou escoamento superficial, entre outros mecanismos, possibilitando interações entre as moléculas ou com outras classes de pesticidas
cottonbro via Pexels
Fonte
Embrapa | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Data
sábado, 12 março 2022 11:45
Áreas
Agricultura. Biotecnologia. Direito Ambiental. Toxicologia.
Os herbicidas aplicados no ambiente podem alcançar áreas e seres não-alvos, em diferentes compartimentos do ecossistema, como o ar, solo, sedimentos e a água, ocasionando diversos tipos de contaminações.
Uma equipe de pesquisadores mostrou os danos que podem causar em organismos não-alvos e suas consequências, em capítulo do livro Herbicidas no ambiente: impacto e detecção, da Editora UFV, com medidas práticas para estimar limites máximos permissíveis de concentração na água por meio da aplicação de fatores de segurança, buscando também demonstrar que a utilização desses fatores contribui para evitar a degradação do ambiente.
De acordo com a Dra. Lucineide Maranho, que na época da pesquisa era do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA-USP), atualmente chefe da divisão de Gerenciamento de Comitês de Bacias Hidrográficas do Instituto Água e Terra/PR, e uma das autoras, os organismos não-alvos e o ambiente vêm sendo contaminados e mais estudos devem ser realizados visando à preservação dos ecossistemas.
“Foram realizados testes com organismos aquáticos de pelo menos três níveis tróficos diferentes, da mesma forma que realizado para solos, sendo os indicadores os microrganismos, plantas, minhocas entre outros, cultivados em laboratório, o que permite que a biologia seja conhecida, facilitando o uso em testes de toxicidade e garantindo resultados confiáveis. Os resultados deste estudo vão servir para nortear mais pesquisas visando à preservação do ambiente”, destacou a Dra. Lucineide Maranho.
Os herbicidas, quando aplicados, vão atingir o seu objetivo, enquanto que uma parcela poderá alcançar longas distancias, por meio de fontes pontuais e difusas, drenagem urbana ou escoamento superficial, entre outros mecanismos, possibilitando interações entre as moléculas ou com outras classes de pesticidas. Os herbicidas possuem propriedades físico-químicas que determinam os seus deslocamentos entre os diferentes meios – ar, água, solo, biota e sedimento.
“É evidente que diversos organismos são afetados pelo uso de herbicidas na agricultura e as consequências influenciam diretamente nos ecossistemas em que vivem. A interferência no ciclo de vida dos organismos pode ser desastrosa e levar até mesmo à morte e, com isso, causar a ruptura da cadeia alimentar, com danos irrecuperáveis”, destacou a pesquisadora.
O Dr. Claudio Jonsson, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, explicou que os testes de toxicidade devem ser considerados uma análise indispensável no controle da poluição hídrica, pois se fundamentam na utilização dos organismos vivos diretamente afetados pelos desequilíbrios que eventualmente ocorrem nos ecossistemas aquáticos onde vivem, uma vez que as análises químicas apenas identificam e quantificam as substâncias presentes na água ou sedimento, mas não detectam os efeitos sobre a biota.
“Estes ensaios são realizados para avaliar a sensibilidade relativa de organismos aquáticos em relação a determinado agente tóxico, como também a eficiência de diferentes métodos de tratamento para a remoção de contaminantes”, explicou o pesquisador.
A obtenção de valores de parâmetros de toxicidade como concentração efetiva média e concentração de efeito não observado para os organismos-testes é subsidio básico para estimar o risco ecológico num contexto incipiente. Esta avaliação de risco é definida como um processo que avalia a probabilidade de ocorrerem efeitos adversos nos ecossistemas quando expostos a um ou mais agentes estressores.
Águas superficiais e subterrâneas
Também é importante conhecer as fontes de emissão dos poluentes, as transformações que ocorrem com os poluentes, as difusões e os destinos que eles têm no ambiente. Os primeiros relatos de utilização de ensaios de toxicidade com organismos aquáticos datam da década de 20, sendo que os peixes foram os primeiros organismos utilizados.
As águas superficiais são representadas pelas drenagens e rios que coletam as águas pluviais, originadas pelas chuvas, também denominadas águas freáticas. As águas subterrâneas são aquelas que são armazenadas no interior dos maciços rochosos. Podem passar pelo estágio freático ou serem dirigidas diretamente para o interior das rochas.
No Brasil, os estudos exigidos para avaliação de impacto ambiental de pesticidas foram definidos pela Portaria Ibama nº 84/1996,15, modificada pela Portaria Ibama nº 6/2012,18. Para cada registro de um novo pesticida, são exigidos estudos físico-químicos do produto técnico e da mesma forma para o produto formulado.
Na avaliação da toxicidade para organismos não-alvos, são exigidos estudos para o produto técnico e para o para o produto formulado. Os estudos exigidos pelo Ibama para registro devem ser conduzidos de acordo com protocolos internacionalmente aceitos, como aqueles publicados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) ou pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA).
Acesse a notícia completa na página da Embrapa.
Fonte: Cristina Tordin, Embrapa Meio Ambiente. Imagem: cottonbro via Pexels.
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