Notícia

Hidrogel capaz de estocar CO2 no solo será desenvolvido e testado no Brasil

Projeto envolve cientistas de diversas instituições brasileiras, sob a liderança do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás da USP

Ngo Minh Tuan via Pixabay

Fonte

Agência FAPESP

Data

segunda-feira, 16 agosto 2021 06:40

Áreas

Biotecnologia. Mudanças Climáticas.

Entre os diversos esforços para diminuir o efeito estufa na atmosfera estão projetos voltados a promover o sequestro de dióxido de carbono (CO2) com soluções baseadas na natureza. No geral, são tecnologias com grande potencial disruptivo e que poderão abrir frente para uma nova cadeia de valor na captura, uso e armazenamento de carbono. É o caso de um hidrogel que está sendo desenvolvido por pesquisadores de diversas instituições da Universidade de São Paulo (USP), sob a liderança do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e Shell na Escola Politécnica da USP.

O projeto, denominado Programa Hidrogel, é financiado pela Shell Brasil com recursos da Cláusula de Investimento em P&D dos Contratos de Concessão da ANP.

Composto por material orgânico, o hidrogel será produzido com moléculas sintetizadas a partir de CO2. Uma vez usado no plantio, os grânulos do produto se degradariam e liberariam o carbono para estocá-lo no solo. Segundo Alexandre Breda, executivo da Shell e vice-diretor do RCGI, o produto será desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a partir de ácido oxálico e um biomonômero. O ácido oxálico, por sua vez, será produzido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) a partir do CO2.

Uma vez pronto, o hidrogel será testado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Em paralelo, o Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP) irá propor os padrões normativos necessários para a entrada do produto no mercado. O IEE-USP já desenvolve um trabalho focado na produção de documentos normativos para a aplicação global desse tipo de tecnologia, em conformidade com as normais internacionais. O trabalho abrange tanto soluções baseadas na natureza como aquelas que permitem transformar CO2 em produtos químicos de alto valor agregado.

Sumidouro de CO2

O CO2 é apontado como um dos principais gases causadores do efeito estufa e das mudanças climáticas. Sua quantidade na atmosfera vem crescendo principalmente devido à queima de combustíveis fósseis. Estocar o excedente desse carbono é uma ação urgente e recomendada para ajudar a mitigar o efeito estufa. E o solo, que já faz o processo de estocagem de forma natural, tem potencial para ser um grande sumidouro de CO2. É aí que entra o papel da Esalq-USP nos testes com o hidrogel.

“Além de quantificar a estocagem de CO2, queremos saber quais são os possíveis benefícios do hidrogel para o solo e para as plantas em condições de clima tropical”, conta o coordenador da pesquisa, Dr. Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq-USP, à Assessoria de Comunicação do RCGI.

Segundo ele, quando um material orgânico se decompõe no solo, parte do dióxido de carbono gerado fica retido na terra e o restante retorna à atmosfera na forma de gás. “Em condições naturais, aproximadamente um terço do carbono fica retido no solo. O que buscamos saber é o quanto do carbono do hidrogel ficará estabilizado no solo em condições tropicais”, afirmou o pesquisador.

Somada à estocagem do CO2 pelo solo, o ácido oxálico produzido pelo IPEN terá pegada negativa de carbono no processo de captura. Segundo Dr. Thiago Lopes, responsável por essa parte da pesquisa, o CO2 será transformado em ácido oxálico pela rota eletroquímica e/ou fotoeletroquímica.

“Com o uso de eletricidade [ou fótons] de fontes renováveis poderíamos capturar perto de duas moléculas de CO2 para produzir o ácido oxálico. Criaríamos um círculo virtuoso de sorvedouro do gás de efeito estufa, promovendo o pagamento da dívida histórica de emissões da nossa sociedade”, afirmou o Dr. Thiago Lopes.

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Agência FAPESP. Imagem: Ngo Minh Tuan via Pixabay.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2025 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account