Notícia
Sismômetro subaquático pode sentir o quão rápido um glaciar se move
Cientistas mostraram que sismômetro implantado perto de geleira na Groenlândia pode detectar radiação sísmica contínua proveniente de deslizamento da geleira
Dr. Evgeny Podolskiy
Fonte
Universidade Hokkaido
Data
sábado, 3 julho 2021 06:30
Áreas
Geociências. Monitoramento Ambiental. Oceanografia.
O deslizamento basal de glaciares de terminação marinha controla a velocidade com que trocam gelo com o oceano. No entanto, observar diretamente esse movimento basal e determinar quais controles existem é desafiador: o ambiente da frente [ativa dos glaciares] é um dos ambientes mais difíceis de acessar e sismicamente barulhento – especialmente na superfície da geleira – devido ao gelo com muitas fendas e condições de clima severo.
Uma equipe de cientistas da Universidade Hokkaido, no Japão, liderada pelo professor Dr. Evgeny A. Podolskiy, do Centro de Pesquisa do Ártico, usou sismômetros de fundo e de superfície de oceano para detectar tremores costeiros persistentes até então desconhecidos, gerados pelo deslizamento de um glaciar. Suas descobertas foram publicadas na revista científica Nature Communications.
Sensores para medir o movimento glacial podem ser colocados no topo, dentro ou abaixo da geleira; no entanto, cada abordagem tem suas próprias desvantagens. Por exemplo, a superfície das geleiras é “barulhenta” devido ao vento e às fendas moduladas pela maré, que podem sobrecarregar todos os outros sinais; enquanto o interior é mais silencioso, é a área de acesso mais difícil. No entanto, todos esses locais são atormentados por problemas comuns, como deriva da estação, derretimento e perda de nível, baixas temperaturas e possível destruição de instrumentos por quebra do gelo.
No estudo atual, os cientistas usaram um sismômetro de fundo do oceano (OBS) que foi implantado perto da frente do Glaciar Bowdoin (Kangerluarsuup Sermia) para ‘sentir’ os terremotos causados pelo movimento basal glacial. Ao fazer isso, eles isolaram o sensor do ruído sísmico próximo à superfície e também contornaram todos os problemas que acompanham a implantação de sensores na própria geleira e nas proximidades. Os dados que coletaram do OBS foram correlacionados com dados de medições sísmicas e de velocidade do gelo na superfície.
A análise dos dados revelou que existe um tremor sísmico contínuo gerado pelo glaciar. Em particular, o sinal sísmico de banda larga (3,5 Hz a 14,0 Hz) detectado pelo OBS teve uma boa correlação com o movimento da geleira. Os cientistas foram capazes de identificar sinais que não estavam associados à dinâmica basal glacial. Os dados do OBS foram necessários para estabelecer uma correlação entre os tremores detectados pelas estações de superfície e o deslocamento da geleira registrado por GPS. No processo, eles demonstraram que os dados sísmicos contínuos que foram historicamente considerados ‘ruído’ contêm sinais que podem ser usados para estudar a dinâmica do glaciar.
Os cientistas também sugeriram que o deslizamento da geleira é semelhante a terremotos lentos. As características do tremor do Glacier Bowdoin lembram as dos tremores tectônicos no Japão e no Canadá. Além disso, a presença do tremor está de acordo com modelos teóricos recentes e experimentos de laboratório.
Os cientistas apresentaram um novo método para coletar informações glaciossísmicas contínuas sobre o movimento das geleiras em um ambiente polar extremamente barulhento e hostil, usando a sismologia do fundo do oceano. “Pesquisas futuras nesta área podem se concentrar em replicar e expandir as descobertas deste estudo em outras geleiras”, disse o Dr. Evgeny Podolskiy. “O suporte experimental para a relação entre tremores glaciares e tremores tectônicos sugere que uma abordagem multidisciplinar de longo prazo seria benéfica para a compreensão total deste fenômeno”, concluiu o pesquisador.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Hokkaido (em inglês).
Fonte: Universidade Hokkaido. Imagem: Glaciar Bowdoin. Fonte: Prof. Dr. Evgeny Podolskiy.
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