Notícia

Teste de DNA revela diversidade escondida de corais

Novo estudo revelou ‘espécies crípticas’ de coral que parecem idênticas umas às outras, mas são geneticamente distintas e têm papéis ecológicos diferentes, levantando questões sobre a melhor forma de protegê-las

Yanguang Lan

Fonte

Universidade James Cook

Data

terça-feira, 6 abril 2021 07:00

Áreas

Biodiversidade. Ecologia.

O Dr. Ira Cooke, pesquisador da Universidade James Cook, na Austrália, fez parte da equipe internacional responsável pelo estudo que examinou o coral serpente (Pachyseris speciosa), um dos corais mais onipresentes no Indo-Pacífico. O estudo foi publicado na revista científica Current Biology.

“Dezenas de milhares de espécies multicelulares foram identificadas em associação com recifes de corais tropicais, mas acredita-se que isso seja menos de 10% das espécies reais. Os corais que constroem recifes foram considerados relativamente bem mapeados em termos de espécies, mas foi surpreendente que houvesse menos de 850 espécies válidas identificadas em todo o mundo”, disse o Dr. Cooke.

“Sabemos que estamos subestimando enormemente o verdadeiro número de espécies de corais por causa da diversidade oculta”, destacou o Dr. Pim Bongaerts, autor principal do estudo e pesquisador da Academia de Ciências da Califórnia. “Colocamos os espécimes de coral serpente em uma avaliação genômica e fenotípica abrangente. Descobrimos que, embora todos os espécimes da Grande Barreira de Corais fossem visualmente indistinguíveis, havia na verdade três espécies diferentes”, explicou o pesquisador.

“Chamamos essas espécies de crípticas porque elas estão essencialmente escondidas à vista de todos. É impossível distinguir esses corais a olho nu, mas as sequências do genoma contam uma história muito diferente – que essas são linhagens distintas que remontam a milhões de anos”, disse o Dr. Cooke.

O Dr. Cooke disse que, embora encontrar “espécies crípticas” como essa não seja nenhuma novidade, a equipe mostrou que é importante porque os corais têm características ecológicas diferentes.

Usando veículos operados remotamente e equipamentos especializados de mergulho profundo, os pesquisadores investigaram corais de profundidades rasas até 80 metros abaixo da superfície na zona mesofótica amplamente subestimada de recifes de coral.

Eles descobriram que, embora os indivíduos de cada espécie pudessem ser encontrados em toda a gama de profundidades, eles tinham profundidades distintas onde eram mais abundantes, com diferenças correspondentes em características fisiológicas, como conteúdos de proteína que afetam sua capacidade de sobreviver e prosperar em suas profundidades preferidas.

“Saber quais corais prosperam, onde e em quais profundidades é crucial para a conservação do recife”, disse o Dr. Ove Hoegh-Guldberg, professor da Universidade de Queensland, também na Austrália, e coautor do estudo.

“A maioria das áreas marinhas protegidas protege apenas recifes rasos, então, quando há espécies escondidas que são mais abundantes em profundidades mesofóticas, isso representa uma diversidade que está sendo negligenciada pelas estratégias de conservação atuais”, destacou o Dr. Ove.

Em última análise, os pesquisadores esperam que suas descobertas revelem a importância de um olhar holístico sobre as espécies ocultas que parecem idênticas, mas podem ter diferenças que afetam os esforços de conservação global.

“Entender quais espécies existem e como elas contribuem para o ecossistema do recife é a base para um bom manejo do recife. É fundamental começar a capturar os aspectos genéticos e ecológicos da diversidade oculta para melhorar nossa compreensão e capacidade de proteger esses ecossistemas frágeis”, concluiu o Dr. Cooke.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade James Cook (em inglês).

Fonte: Universidade James Cook. Imagem: Yanguang Lan.

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