Notícia
UEG pesquisa fungos que decompõem excrementos
Fungos coprófilos são importantes nos ecossistemas terrestres, porque decompõem a matéria orgânica do esterco e devolvem esses nutrientes à natureza
Divulgação, UEG
Fonte
UEG | Universidade Estadual de Goiás
Data
sexta-feira, 5 março 2021 07:25
Áreas
Biodiversidade. Biologia. Biotecnologia. Recursos Naturais.
Desde que entrou no Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Goiás (UEG), no Campus Central, em Anápolis, no ano de 2010, Francisco Calaça, sob a orientação da professora Dra. Solange Xavier, vem se debruçando em pesquisas sobre fungos coprófilos, que crescem em fezes de diferentes espécies de animais.
Atualmente, Francisco é doutorando no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Recursos Naturais do Cerrado do Campus Central da UEG, em Anápolis (Renac|UEG) e, novamente, o tema de estudo são os fungos coprófilos. “Estudar essas comunidades é extremamente importante, pois com isso conhecemos a biodiversidade que habita essas pequenas ‘ilhas de cocô’. Nelas desvendamos os mistérios do seu ciclo de vida e podemos, por exemplo, reconstruir o passado da fauna que existiu no Planeta, avaliar o enorme potencial destes fungos em processos biotecnológicos e, claro, mostrar para todos que a diversidade da vida é incrivelmente fabulosa”, justificou o pesquisador.
Inserido em uma das linhas de pesquisa do laboratório de Micologia Básica, Aplicada e Divulgação Científica (FungiLab) da UEG, o projeto intitulado “Caracterização ecológica, funcional e biotecnológica de ascomicetos (Fungi: Ascomycota) em fezes de herbívoros no Brasil Central”, recebe apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), por meio de bolsa de doutorado e tem como principal objetivo estudar os vários aspectos da história de vida desses fungos. “A principal contribuição desses fungos na natureza é decompor as fezes disponibilizando os nutrientes ali contidos para as plantas. Mas além disso, muitos desses fungos têm potencial para ser empregados em vários outros propósitos, como a produção de medicamentos, como os antibióticos, bem como na descontaminação de ambientes poluídos, ou no esgoto doméstico e efluentes industriais”, apontou a professora Solange, coordenadora do laboratório.
Para chegar a essas conclusões, Francisco diz que está coletando amostras de excrementos de animais como vacas, cavalos, cabras, ovelhas, além de animais silvestres, em diversas cidades da região Centro-Oeste do Brasil. “Essas amostras são incubadas em um aparato chamado câmara úmida, que fornece as condições necessárias para o desenvolvimento dos fungos ali presentes. Embora alguns se apresentem como cogumelos, em geral, esses fungos são pequenos, muitos deles menores do que a cabeça de um alfinete. Então, contamos com a ajuda de um microscópio estereoscópico para poder observar e fotografar os fungos que encontramos”, explicou Francisco.
Além disso, salientou o pesquisador, a intenção é realizar experimentos para tentar entender o que leva um fungo a crescer no cocô, as condições ambientais (como a chuva e a seca) para o crescimento desses fungos na natureza e, consequentemente, se no processo de decomposição, os fungos que ocorrem nas fezes de um animal diferem dos que ocorrem nas fezes de outro ou se o tipo de dieta do animal interfere nessa diversidade fúngica, entre outros fatores.
Mas, por que saber tudo isso? Francisco responde: “Primeiro porque com isso, vamos conhecer ainda mais a biodiversidade de fungos do Cerrado, que é um bioma que está desaparecendo por conta das nossas ações de desmatamento e usos inconscientes. Precisamos conhecer quais espécies ocorrem em um lugar para embasar a criação de leis que vão proteger essas espécies e o ambiente onde ocorrem; segundo porque não sabemos quase nada sobre fungos coprófilos no Brasil. Precisamos aprender muita coisa sobre esses fungos, principalmente sobre a vida deles na natureza selvagem; terceiro porque esses fungos podem ser úteis para nós, como já mencionei, na produção de materiais que possam ser utilizados para produzir remédios, por exemplo. Por fim, mas não menos importante, conhecer os fungos coprófilos que ocorrem no Cerrado servirá como mais um motivo para preservarmos esse bioma, que é único no mundo”, reforçou o especialista.
Fungos coprófilos
Francisco Calaça explicou que os fungos coprófilos são muito importantes nos ecossistemas terrestres, porque decompõem a matéria orgânica do esterco e devolvem esses nutrientes à natureza. “Já contribuímos, até o momento, com o registro de muitas novas espécies para o bioma Cerrado, alguns já publicados e outros em processo de publicação. Esses registros nos permitem conhecer a copromicodiversidade da região, contribuindo com dados para a biodiversidade do Cerrado e também com informações sobre espécies com potencial em aplicações biotecnológicas”, explicou Francisco.
“Graças ao trabalho que temos desenvolvido na UEG, o Estado de Goiás tem sido pioneiro em vários aspectos do estudo desses fungos no Brasil Central. Recentemente publicamos uma síntese do conhecimento sobre os dados da ocorrência desses fungos no Brasil ao longo dos últimos cem anos, apontando as tendências e lacunas na pesquisa com o grupo e também fomos os pioneiros sobre essa biodiversidade no bioma Pantanal”, concluiu Francisco Calaça.
Acesse a notícia completa na página da UEG.
Fonte: Dirceu Pinheiro, Comunicação Setorial da UEG.
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