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Pesquisa interdisciplinar busca medir vulnerabilidades e resiliência da Amazônia
Em seus mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia é bastante heterogênea. Suas milhares de espécies de plantas habitam ambientes diversos, repletos de particularidades e sujeitos a variados tipos de perturbações de origens naturais e humanas – como secas, queimadas e desmatamentos. Entender como esses distúrbios afetam o crescimento e a morte da vegetação é essencial tanto para a implementação de políticas de conservação e recuperação do bioma quanto para sabermos o que esperar do futuro da maior floresta tropical do mundo.
É justamente com a intenção de desenvolver ferramentas que possam colaborar com essa compreensão que um grupo interdisciplinar de pesquisadores se uniu, sob coordenação Dra. Marina Hirota, professora do Departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A proposta da equipe é identificar os mecanismos relacionados às respostas de diferentes espécies de plantas à falta de água para, então, desenvolver um framework – uma espécie de modelo que possa ser aplicado para medir a resiliência da floresta, ou seja, sua capacidade de resistir e recuperar-se diante de situações adversas. O projeto de pesquisa é financiado pelo Instituto Serrapilheira, instituição privada de fomento à ciência, e conta com a participação de especialistas em matemática, computação, ecologia e processos hidrológicos da UFSC, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Rutgers (nos Estados Unidos), da Universidade de Birmingham (no Reino Unido) e da Universidade de Santiago de Compostela (na Espanha).
A Dra. Marina explica que a seca na Amazônia tem se intensificado de forma recorde nos últimos anos. As mudanças climáticas e de uso da terra e o aumento do desmatamento já provocam alterações no regime de chuvas, na vulnerabilidade da floresta ao fogo e na mortandade de espécies. E, se nada for feito, essas questões só irão se exacerbar. A previsão dos cientistas é que o aumento da temperatura e a diminuição das chuvas provoquem secas cada vez mais prolongadas e severas – daí a necessidade de contarmos com dados confiáveis e a capacidade de fazer previsões.
A ideia da pesquisa é partir da análise do que acontece no nível do indivíduo – como cada planta reage à falta de água – e ir ampliando a escala para os modos de persistência de comunidades de plantas e regiões inteiras, até, por fim, chegar a um modelo que contemple todo o ecossistema amazônico. “A primeira inovação é conseguir ver da escala do indivíduo como a gente faz um upscaling para a escala da bacia inteira, ou pelo menos dar os primeiros passos. Acho que a gente não vai resolver esse problema, mas começar a pensar nesse sentido”, comentou a professora, ressaltando a intenção de identificar processos e interações que ocorrem no ecossistema. Diferentes espécies de árvores, por exemplo, podem responder de formas variadas à mesma perturbação, mas “será que a bacia inteira é a soma de todas as árvores? Ou será que acontece alguma coisa diferente?”, questionou a pesquisadora.
Segundo ela, ainda não se conhece exatamente os mecanismos que determinam a morte ou a sobrevivência dessas plantas. “Ninguém sabe o que acontece na árvore ou numa comunidade de árvores, ou na bacia inteira, se essa mortalidade se propaga no espaço, se não se propaga. Se uma árvore morrer, será que o entorno morre? Em quanto tempo?” É aí que, para a Dra. Marina, reside o segundo aspecto inovador do estudo: o desenvolvimento de um framework capaz de analisar o crescimento e a mortalidade de plantas e, portanto, quantificar a resiliência da floresta.
Acesse a notícia completa na página da UFSC.
Fonte: Camila Raposo, Agecom/UFSC.
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