Notícia
COVID-19: monitoramento do vírus em esgotos pode colaborar na prevenção
Monitoramento tem como base a eliminação do coronavírus nas fezes das pessoas infectadas, o que faz com que o patógeno possa ser encontrado no esgoto
Josué Damacena, IOC/Fiocruz
Fonte
Fiocruz | Fundação Oswaldo Cruz
Data
quarta-feira, 3 março 2021 07:25
Áreas
Monitoramento Ambiental. Saneamento. Saúde Pública.
O projeto de vigilância do novo coronavírus em esgotos de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, teve resultados publicados na revista científica Water Research. Os achados destacam o uso da metodologia como um sistema de alerta precoce para o surgimento de novos casos de COVID-19, permitindo ações de saúde pública e medidas de prevenção mais rápidas. A publicação contempla o período de abril a agosto de 2020, quando foram coletadas 223 amostras. O projeto soma mais de 400 coletas. A iniciativa é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a prefeitura do município e a concessionária Águas de Niterói.
O monitoramento tem como base a eliminação do coronavírus nas fezes das pessoas infectadas, o que faz com que o patógeno possa ser encontrado no esgoto. Além de verificar a presença ou ausência do vírus em tubulações e estações de tratamento de esgoto (ETEs), os pesquisadores analisam a quantidade de material genético viral presente nas amostras. Os dados são utilizados para produzir mapas de calor, caracterizando a transmissão nas diferentes regiões da cidade. O município disponibiliza as informações para a população através do portal Acompanhamento dos Casos de Coronavírus (COVID-19) em Niterói.
“A partir do momento em que foi identificada a presença do coronavírus nas fezes, estudos sobre epidemiologia baseada no esgoto foram iniciados em diversos países. Em Niterói, conseguimos implantar o projeto no começo da pandemia e observamos que a metodologia é capaz de apontar a dispersão do vírus no ambiente, contribuindo para subsidiar as estratégias de enfrentamento das autoridades de saúde. A cooperação entre os laboratórios da Fiocruz, a Prefeitura de Niterói e a concessionária Águas de Niterói foi fundamental para esse resultado”, afirmou a Dra. Marize Miagostovich, Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Virologia Ambiental e de Alimentos do Departamento de Virologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Um dos exemplos da eficácia da metodologia foi a identificação de transmissão oculta da COVID-19 na comunidade Boa Esperança, em Piratininga, Região Oceânica da cidade. Na segunda semana do monitoramento, o vírus foi detectado em tubulações de esgoto da localidade, onde ainda não havia registro oficial de casos. A partir do resultado, equipes do Programa de Saúde da Família foram às ruas para encontrar possíveis infectados, por meio da identificação de pessoas com sintomas e realização de testes diagnósticos. Ações para conter a disseminação da doença foram implantadas, e a população recebeu orientações sobre o agravo.
“Nessa pandemia, nos deparamos com o inusitado e não havia parâmetros para a gestão. O monitoramento do esgoto expandiu a base de evidências científicas. No início, em abril de 2020, funcionou como um alerta sobre a chegada do vírus aos territórios da cidade. Hoje, é mais um parâmetro que quantifica a carga viral do vírus presente nos esgotos sanitários de cada um dos pontos de coleta, permitindo assim, uma comparação regionalizada com o número de notificações dos casos. Os dados são sistematicamente lançados em um painel virtual, de acesso público. A transparência dos dados contribui para que a população possa acompanhar a evolução da história natural dessa nova doença”, comentou a diretora de Atenção à Saúde da Fundação Estatal de Saúde de Niterói (Fesaúde/Niterói), Stefania Soares.
Liderado pelo Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC/Fiocruz, o projeto tem a colaboração do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, também do Instituto, e do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz). Na Prefeitura de Niterói, a pesquisa conta com a cooperação das Secretarias Municipais de Saúde; de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão; e de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade; além do Sistema de Gestão da Informação (SIGeo Niterói).
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Fiocruz.
Fonte: Maíra Menezes e Vinícius Ferreira (IOC/Fiocruz). Imagem: Josué Damacena, IOC/Fiocruz.
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