Destaque

Cientistas alertam sobre a necessidade urgente de combater o colapso dos ecossistemas, dos trópicos à Antártica

Fonte

Universidade de Exeter

Data

sábado, 27 fevereiro 2021 12:35

Cientistas eminentes alertam que os principais ecossistemas ao redor da Austrália e da Antártica estão entrando em colapso e propõem uma estrutura de três etapas para combater danos globais irreversíveis.

O estudo, de autoria de 38 cientistas australianos, britânicos e americanos de universidades e agências governamentais, foi publicado na revista científica Global Change Biology. Os pesquisadores dizem que deve ser dado um alerta severo sobre o colapso dos ecossistemas em todo o mundo, se nenhuma ação for tomada com urgência.

A Dra. Dana Bergstrom, autora principal e cientista da Divisão Antártica Australiana, disse que o projeto surgiu de uma conferência inspirada por sua pesquisa ecológica em ambientes polares. “Eu estava vendo uma morte incrivelmente rápida e generalizada na tundra alpina da Ilha Macquarie, considerada Patrimônio da Humanidade, e comecei a me perguntar se isso estava acontecendo em outros lugares”, disse a Dra. Bergstrom.

“Com meus colegas da Divisão Antártica Australiana e da Universidade de Queensland, organizamos uma conferência nacional e um workshop sobre‘ Surpresas Ecológicas e Colapso Rápido dos Ecossistemas em um Mundo em Mudança’, com o apoio da Academia Australiana de Ciências”, continuou a cientista.

O artigo resultante e os extensos estudos de caso examinam o estado atual e as trajetórias recentes de 19 ecossistemas marinhos e terrestres em todos os estados australianos, abrangendo 58° de latitude dos recifes de coral à Antártica. As descobertas incluem:

  • O colapso dos ecossistemas (definido como uma mudança potencialmente irreversível na estrutura, composição e função do ecossistema) está ocorrendo agora em 19 estudos de caso. Esta conclusão é apoiada por evidências empíricas, e não apenas por previsões de modelos.
  • Nenhum ecossistema entrou em colapso em toda a sua extensão, mas para todos os estudos de caso, há evidências de colapso local.
  • Os 19 ecossistemas incluem a Grande Barreira de Corais, manguezais no Golfo de Carpentaria, florestas e bosques mediterrâneos, a zona árida da Austrália central, leitos de ervas marinhas Shark Bay na Austrália Ocidental, florestas de algas marinhas do Great Southern Reef, florestas de coníferas Gondwanan da Tasmânia, Floresta Mountain Ash em Victoria e leitos de musgo da Antártica Oriental.
  • Os impulsionadores do colapso do ecossistema são as pressões da mudança climática global e impactos humanos regionais, categorizados como ‘pressões’ crônicas (por exemplo, mudanças na temperatura e precipitação ou desmatmento) ou ‘pulsos’ agudos (por exemplo, ondas de calor, tempestades, incêndios e poluição após tempestades).

O Dr. Michael Depledge, professor Emérito da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e ex-Conselheiro Científico da Agência Ambiental da Inglaterra e País de Gales, disse que a pesquisa teve um significado especial após o governo do Reino Unido encomendar a Dasgupta Review, que recentemente destacou os danos econômicos catastróficos associados à perda de biodiversidade.

“Nosso artigo é mais um alerta que mostra que os ecossistemas estão em diversos estados de colapso, desde os trópicos até a Antártica. Essas descobertas da Austrália são um aviso claro do que está acontecendo em todos os lugares e assim continuarão sem ações urgentes. As implicações para a saúde e o bem-estar humanos são graves. Felizmente, como mostramos, ao aumentar a conscientização e antecipar os riscos, ainda há tempo para agir para lidar com essas mudanças”, disse o professor Depledge.

“Esperamos que nosso estudo aumente a consciência de que nossos ecossistemas estão entrando em colapso ao nosso redor. Já podemos observar as consequências nefastas para a saúde e o bem-estar de algumas comunidades e antecipar ameaças a outras. Tomar medidas mais fortes agora evitará acumular mais miséria sobre uma população global que já carrega as cicatrizes da pandemia global”, concluiu o cientista.

O documento recomenda uma nova estrutura ‘3As’ para orientar a tomada de decisões sobre ações para combater danos irreversíveis:

  • Conscientização (Awareness) da importância dos ecossistemas e da necessidade de sua proteção;
  • Antecipação (Anticipation) dos riscos das pressões atuais e futuras;
  • Ação (Action) para reduzir as pressões e evitar ou diminuir seus impactos.

Acesse o resumo do artigo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Exeter (em inglês).

Fonte: Universidade de Exeter.

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