Notícia
Poluição do ar nos EUA pode estar associada a 30.000 mortes e redução da expectativa de vida
Novo estudo do Imperial College de Londres analisou a influência da qualidade do ar na mortalidade e expectativa de vida
Pixabay
Fonte
Imperial College de Londres
Data
quinta-feira, 25 julho 2019 11:50
Áreas
Qualidade do Ar. Saúde.
A qualidade do ar nos Estados Unidos pode estar relacionada ao aumento da mortalidade e à redução da expectativa de vida, de acordo com nova pesquisa. O estudo, publicado na revista científica PLOS Medicine e liderado pelo Imperial College de Londres e pelo Centro de Soluções de Ar, Clima e Energia da Universidade Carnegie Mellon, analisou concentrações de material particulado (MP) fino no ar, o chamado MP2,5, nos EUA (excluindo Alasca e Havaí) entre 1999 e 2015.
Essas partículas são emitidas principalmente a partir de automóveis, usinas de energia e indústrias e reconhecidamente perigosas para a saúde. As minúsculas partículas, cerca de 30 vezes menores que a espessura de um fio de cabelo humano, podem ser inaladas pelos pulmões e têm sido associadas ao aumento do risco de várias condições, incluindo ataque cardíaco e alguns tipos de doença pulmonar.
A poluição por partículas finas nos EUA vem diminuindo desde 1999. O atual padrão anual de MP2,5 dos EUA está estabelecido em 12 µg/m3 de ar. A Organização Mundial da Saúde (OMS), publicou em 2006 um guia estabelecendo parâmetros para a qualidade do ar nas grandes cidades, com patamares aceitáveis de poluentes. No caso do MP2,5, o limite anual tolerável é de 10 µg/m3 segundo a OMS.
A pesquisa mostra que em níveis entre 2.8 µg/m3 e 13.2 µg/m3, praticamente abaixo do padrão atual, a poluição do ar foi associada com uma estimativa de 15.612 mortes em mulheres e 14.757 mortes em homens. As mortes foram causadas por condições cardiorrespiratórias, que se referem a distúrbios cardíacos e pulmonares (como ataque cardíaco e doenças pulmonares, incluindo asma).
Essas mortes reduziriam a expectativa de vida nacional em 0,15 anos para as mulheres e 0,13 anos para os homens. A perda de expectativa de vida devido à MP2,5 foi maior em Los Angeles e em alguns estados do sul, como Arkansas, Oklahoma e Alabama. O professor Dr. Majid Ezzati, da Escola de Saúde Pública do Imperial College de Londres e principal autor da pesquisa, disse: “Nós sabemos há algum tempo que essas partículas podem ser mortais. Este estudo sugere que mesmo em concentrações aparentemente baixas – a maioria abaixo dos limites atuais – elas ainda causam dezenas de milhares de mortes. A redução do padrão de MP2,5 abaixo do nível atual provavelmente melhorará a saúde da população e reduzirá a desigualdade na saúde”.
Ele acrescentou: “As concentrações de MP2,5 nos EUA são geralmente mais baixas do que as de muitas cidades da Europa – o que sugere que também pode haver um número substancial de mortes na Europa associadas à poluição do ar”.
Em relação à realidade brasileira, em 2011, a poluição do ar por material particulado fino (MP2,5) no Estado de São Paulo apresentou um nível médio 2,5 vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja, 25 µg/m3. O resultado se baseia em informações sobre os níveis de poluição entre 2006 e 2011 e faz parte de pesquisa da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Instituto Saúde e Sustentabilidade, com participação da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O trabalho também aponta que no ano de 2011, houve cerca de 17 mil mortes e 68 mil internações de pacientes mais suscetíveis às doenças associadas à poluição, como câncer de pulmão, doenças respiratórias e problemas cardiovasculares, as quais geraram uma despesa de cerca de R$ 240 milhões para as instituições públicas e privadas de saúde do Estado. Este estudo teve a colaboração do professor Dr. Paulo Saldiva, da FMUSP. “O objetivo foi apresentar dados ambientais sobre a poluição por MP2,5 no Estado de São Paulo e avaliar os seus efeitos para saúde, mortalidade e adoecimento, bem como os gastos com internações devido a problemas ocasionados pelos poluentes. Cerca de 40% do MP na Região Metropolitana de São Paulo é emitido por veículos pesados movidos a óleo diesel. O restante vem da poeira, proveniente de aerossóis secundários e da ressuspensão de partículas, e da fuligem produzida pelas indústrias”, de acordo com a Agência USP de Notícias.
Poluição pode causar doenças no coração e pulmão
A equipe então combinou isso com a contagem de mortes do Centro Nacional de Estatísticas da Saúde. Houve um total de 41,9 milhões de mortes entre 1999 e 2015 nos EUA, com 18,4 milhões dessas mortes por doenças cardiorrespiratórias, para as quais há fortes evidências de associação com a poluição do ar.
Usando uma série de modelos estatísticos (que estão disponíveis), a equipe combinou todos esses dados e estimou o aumento na taxa de mortalidade a cada1 µg/m3 de MP2,5 e, portanto, as mortes adicionais acima do MP2,5 mais baixo registrado, de 2.8 µg/m3. A equipe considerou vários fatores que poderiam afetar os resultados, como idade, escolaridade, pobreza e tabagismo.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Imperial College de Londres (em inglês).
Acesse também estudo que mostra os “Custos da poluição atmosférica nas regiões metropolitanas brasileiras”
Fonte: Kate Wighton, Imperial College de Londres. Imagem: Pixabay.
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